Enquanto Ainda Estamos Aqui!

Luciano Júnior

Acordei com a notícia seca como sol de meio-dia: mais um conhecido partiu lá do sertão baiano. Não éramos íntimos, daqueles de dividir segredo ou rapadura, mas era gente da mesma terra, daquelas que a gente cumprimenta com respeito e memória. E nessas horas, qualquer partida parece um pouco nossa também.

A tristeza chegou sem alarde, mas veio acompanhada de uma enxurrada de reflexões. E como é bom, às vezes, parar tudo e simplesmente sentir.

Num grupo, as palavras do amigo Adriano Pereira — esse sim, irmão de alma e saudade — que, antes mesmo do café, já resumiu tudo com sabedoria sertaneja:

“Precisamos rever os amigos, abraçar, sorrir, brincar... Estamos caminhando para a reta final.”

É isso. A reta final. Que não tem placas, nem aviso sonoro, nem juiz de apito na boca. Quando a gente se dá conta, o tempo já passou e levou junto as gincanas, os grêmios, os jogos estudantis… e até a nossa agilidade de pular cerca sem rasgar a calça.

E Adriano seguiu, certeiro: “Quando nos reencontramos no desfile do COLEPA é uma alegria imensa. Inexplicável!”

Claro que é! Porque reencontro é a única máquina do tempo que ainda funciona sem Wi-Fi.

Aí ele soltou a ideia: “Vamos fazer um festival! Com as famílias que deram vida a Paulo Afonso: CHESF, Poty, COLEPA, CIEPA, Polivalente…”

E eu pensei: que loucura boa! Porque amizade por tela é coisa de doido. Saudade precisa de abraço, de risada alta e, sim, até das briguinhas que acabam com “deixa de besteira, me dá um abraço aqui”.

Reclamar? Não hoje. Hoje eu prefiro lembrar. Celebrar. Agradecer. Como diria o livro Um dia sem reclamar, às vezes, a gratidão é o que sobra quando não dá pra mudar mais nada.

Então, meus caros Paiva, Silvio, Dimas, Adriano e todos os que ainda vivem com alma de estudante: não esperemos mais.

Porque o tempo corre ligeiro, a memória falha, mas o coração — ah, esse ainda sabe dançar forró com lembrança.