COLEPA, Time que Vivia de Mãos Dadas
* Gilmar Teixeira
Era uma época em que a bola quicava com mais força no chão do COLEPA, e não era só o som dos treinos que ecoava pelos corredores, mas o espírito de união, superação e amizade. Quando os professores Fred e Marilene chegaram a Paulo Afonso, trouxeram consigo algo que não cabia apenas nos currículos escolares: um novo olhar sobre o esporte e, com ele, a semente de uma revolução silenciosa.
De repente, os esportes olímpicos deixaram de ser apenas teoria nos livros para se tornarem prática no corpo e alma dos alunos. Atletismo, vôlei, basquete, natação... mas foi no handebol que construímos nossa verdadeira identidade. Ali, entre passes e arremessos, nasceu um time que colocou o nome do COLEPA entre os grandes do Nordeste.
Viagens pelos estados, quadras desconhecidas que viraram arenas de grandes batalhas, e adversários temidos que aprendemos a respeitar — e muitas vezes a vencer. No masculino, tínhamos verdadeiros paredões como Sidney e seu fiel reserva, Wilson Bacalhau. Na linha, talentos como Fábio Lopes, Lúcio, Nilton, os irmãos Erivaldo e Marcos, Tonho, Marcos Martins, Josias, Paulo Leite, Cláudio Borborema, Alécio, Eliseu, Zé Neto (in memoriam), Antônio Neto (in memoriam) e tantos outros. Havia também os que, como eu, Gilmar Teixeira, talvez não fossem os craques da bola, mas tinham papel fundamental: liderar, incentivar, e se orgulhar só por vestir aquela camisa.
E no feminino, sob o comando firme e inspirador da Professora Marilene, surgiram jogadoras memoráveis. A muralha Edileuza no gol, a lendária Betinha — que parecia dançar em quadra —, as Vânias (Arruda e Leite), Leide, Maria de Josias, Neidinha, Vilma, Tereza, Neta, Fátima, Socorro... um verdadeiro esquadrão de guerreiras.
Cada viagem era mais do que uma competição — era uma experiência de vida. O ônibus levava mais do que atletas: levava sonhos, piadas, músicas compartilhadas, olhares que, às vezes, se transformavam em amores. Sim, dali saíram casamentos, amizades eternas e memórias que nenhuma medalha poderia conter.
Hoje, as quadras do COLEPA estão em silêncio. As luzes se apagaram, os uniformes foram guardados, e as redes, antes balançadas por gols memoráveis, agora descansam. Mas dentro de nós, o jogo continua. Na memória de cada um, o som da bola ainda ecoa, as gargalhadas ainda são vivas, e o espírito daquele time — que vivia de mãos dadas — nunca deixará de existir.
Porque o COLEPA pode ter fechado suas portas. Mas as lembranças... essas permanecem sempre abertas.
* Gilmar Teixeira