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LUCIANO JÚNIOR

O Furo Jornalístico

Publicada em 03/05/25 às 12:08h - 59 visualizações

Luciano Júnior


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 (Foto: imagem ilustrativa)

O Furo Jornalístico

Luciano Junior

Dizem que a Bahia tem um ritmo próprio. Um tempo elástico, quase musical, em que até a curiosidade anda descalça e assovia.

Minha passagem por lá me trouxe muitas alegrias — amizades sinceras, abraços com sotaque e histórias… ah, as histórias!

Algumas vivi. Outras me contaram. E há as que ninguém sabe exatamente se aconteceram, mas todo mundo jura que sim. Essa é uma delas.

Conversava eu hoje com Celsinho Xavier, amigo querido e fonte confiável de histórias que nem o Google tem. No meio da conversa, ele lançou:

— Rapaz, tu lembra do meu irmão?

— Qual deles?

— O repórter investigativo…

— O quê?

— Deixa eu te contar...

Segundo Celsinho, seu irmão — cujo nome manteremos em segredo por segurança emocional e possíveis represálias familiares — era o tipo de criança que se interessava por tudo. Desde o funcionamento da descarga até o que havia por trás de uma nuvem. Um curioso inveterado, quase um Sherlock Holmes mirim de chinelo Rider.

Numa tarde qualquer, a família Xavier voltava para casa, provavelmente pela Getúlio Vargas, com o pai dirigindo em modo “ignorar perguntas por sobrevivência”. O carro seguia sereno quando o pequeno investigador, de longas madeixas, avistou uma aglomeração de pessoas. Na Bahia, isso pode significar qualquer coisa: um trio elétrico, um bloco de capoeira, uma briga de dominó ou um acarajé que explodiu de tanta pimenta.

O menino imediatamente entrou em modo “plantão da Globo”:

— Pai! Para! Olha ali! Aglomeração!

— Fica quieto, menino!

— Mas pai! Pode ser um crime, um acidente, um... um ET!

— ET mora na Lua, menino. Cala a boca.

Chegando em casa, enquanto todos desciam calmamente, o pequeno Celsinho-irmão já lançava seu “modo repórter da GloboNews”, pulando do carro com um “eu volto já” que lembrava até novela mexicana. Saiu correndo em busca da verdade.

Horas depois — provavelmente já com uma reprimenda garantida, um sermão e um “fica de castigo sem ver TVE” — ele retorna.

Cabisbaixo. Sem furos jornalÍsticos. Sem manchetes. Só com uma verdade nua, crua e tragicômica:

— Era um ponto de ônibus novo... A cidade começava a ter transporte público da empresa de Manoel Barros que antecedeu a Vitran.

Diante da revelação, a casa caiu. De tanto rirem.

O pai gargalhou. A mãe teve que sentar. Celsinho, que mal sabia falar, repetia só “ô-nibus! ô-nibus!” como se fosse a coisa mais engraçada do universo — e naquele momento, era mesmo.

E desde então, naquela casa baiana, todo início de tumulto ou ajuntamento gerava um alerta:

— Olha ali, deve ser outro ponto de ônibus!

E o irmão, agora crescido, ainda carrega o título de primeiro jornalista da família — embora tenha se aposentado precocemente depois de seu épico fracasso investigativo.

Porque na Bahia, até as histórias mais simples têm sabor. E até os pontos de ônibus têm fama.


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