Para Quem "Faz Girar o Mundo"
Luciano Júnior
Hoje é 1º de maio. O despertador toca — mas não pra todo mundo. Enquanto alguns dormem até mais tarde, outros já estão de pé há horas, dando bom dia ao sol com mãos calejadas, café requentado e fé renovada.
É o Dia do Trabalhador.
Mas quem são eles?
Seriam apenas os que têm crachá, assinatura digital e plano odontológico? Ou talvez os que acumulam diplomas e reuniões com nomes em inglês, mas que ainda não descobriram o que é tempo livre?
Não. Trabalhador é mais. É muito mais.
É a dona de casa que nunca tirou férias, porque roupa suja não tira folga e criança com febre não tem hora marcada. Ela trabalha com amor, mas sem carteira assinada.
É o agricultor que madruga com o galo, planta esperança e colhe alimento. Feriado? Só se a chuva permitir.
É o gari que varre o caminho para o dia nascer limpo. É o catador que enxerga valor onde o mundo vê descarte.
É a professora que ensina matemática e paciência ao mesmo tempo, equilibrando livros e boletins com o olhar de quem acredita.
É também o cuidador de idosos, o enfermeiro de plantão, o padeiro da madrugada, o pescador da linha fina, o vendedor da esquina, o mecânico da vila, o bombeiro que corre quando todos fogem.
São os artistas, também os de rua, que pintam a vida de cor e os músicos do metrô que afinam o caos da cidade.
E os autônomos, os freelancers, os pais que vendem brigadeiro na porta da escola pra não deixar faltar nada em casa? Trabalhadores do improviso, da criatividade, da coragem.
Tem até quem trabalhe sorrindo, mesmo sem receber salário — voluntários, cuidadores, missionários — que não esperam aplausos, só fazem porque sentem.
Hoje, todos vocês merecem uma salva de palmas. De pé. Comovida. E justa.
Porque não há economia, civilização ou futuro sem as mãos, os pés, os ombros e os sonhos de quem trabalha.
Seja com terno e gravata, avental, jaleco, luvas, enxada, notebook ou chinelo.
E, se me permite a brincadeira: se o mundo fosse um grande ônibus, os trabalhadores seriam o motor, o volante, o combustível — e ainda o cobrador que te dá bom dia mesmo quando você está de cara fechada.
Hoje, o planeta acordou com um suspiro mais grato. Porque é feriado. Mas, apesar de ser de todos, não é desfrutado por todos. Alguns seguem trabalhando. E é por isso que o mundo continua em movimento.
Marteleteiros, operários da Chesf, operadores de martelo, participam do desfile de 7 de setembro de 1956. Essa ferramenta era utilizada para furar rochas que era detonadas com explosivos, abrindo-se os túneis e galerias para a instalação, a 80 metros de profundidade, dos geradores de energia hidroelétrica nas Usinas de Paulo Afonso, a partir de 1949.
Parabéns Luciano, por tão bela e verdadeira crônica. Toca-nos o coração suas palavras sobre homens e mulheres,heróis anônimos, que constroem o nosso Brasile, apesar das dificuldades, insistem em continuar sonhando.
Quem são esses meninos ao pé do caminhão?
No dia 7 setembro de 1970, (cheguei aqui em junho) assisti o desfile cívico dos colégios da Chesf e apresentação de máquinas, equipamentos e trabalhadores em grupos: eletricistas, enfermeiros, operários, professores entre outros. Paulo Afonso ainda não tinha colégios.