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Opinião/Reflexão/Crônica

Meus, Meus Sentimentos

Publicada em 31/05/25 às 10:31h - 95 visualizações

Gilmar Teixeira


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Meus, Meus Sentimentos
 (Foto: imagem ilustrativa da net)

Meus, Meus Sentimentos

Gilmar Teixeira

Hoje, ao folhear o livro do tempo, me deparei com os versos do poeta sergipano Oswaldo Abreu, de Simão Dias. Ele fala, com a força mansa da poesia sertaneja, sobre a solidão dos pais na velhice, o abandono disfarçado de rotina, a ausência que grita nos corredores vazios das casas onde um dia houve infância, cheiro de bolo e chinelo batendo no chão.

A leitura me fez parar. Me lembrei dos meus pais. Dos olhos cansados, mas vivos. Das mãos calejadas, mas firmes. E de como, em nenhum momento da vida deles, ficaram sozinhos. Somos dez irmãos. E entre um e outro, sempre teve um ombro, um café passado na hora, um carinho antes do sono. Nunca faltou presença. Não por obrigação, mas por honra. Por gratidão. Por amor.

Hoje, minha mãe, quase centenária, lúcida como o dia mais claro, ainda é cuidada por todos nós. Cada ruga dela é uma história que ajudamos a preservar. Ela não está esquecida em algum canto do mundo, mas no centro da nossa existência. E talvez, ao contrário do que dizem os noticiários e os diagnósticos apressados sobre a "morte da família", ela esteja mais viva do que nunca onde há amor cultivado.

Mas a pergunta que fica é para além da minha história. Ela é para você.

E você, está fazendo sua parte?

Porque, como bem diz o poeta, se você não morrer jovem, amanhã também será velho. E aí, quem vai cuidar de você?

O tempo ensina, mas é preciso querer aprender. O almoço em família pode parecer antiquado para alguns, mas era lá que se aprendia o valor da escuta, da partilha, da espera. Hoje, trocamos afetos por notificações. O "bom dia" dos pais é ignorado por trás de um fone. As calçadas onde se conversava foram substituídas por muros e portões automáticos. Estamos cercados de segurança e famintos de presença.

É triste ver tantos pais em asilos, esperando uma visita que não chega. Vendo as semanas virarem meses. Os meses virarem anos. E a vida ir embora aos poucos, não pela velhice, mas pela solidão.

“Meus, meus sentimentos”, escreve Oswaldo Abreu. Não é apenas uma frase poética. É um aviso. É quase um sussurro de alma para alma: cuida de quem cuidou de você. Protege quem te protegeu do mundo. Abraça agora, enquanto ainda há braços. Porque depois, pode ser só remorso e flor no túmulo.

Então, que tal hoje? Um jantar em família. Um café demorado. Uma visita sem pressa. Um beijo de filho. Um colo de neto. Quem sabe a poesia se torne prática, e o mundo volte a ser um lugar onde a família é o que deve ser: abrigo e raiz.

Meus, meus sentimentos — mas ainda dá tempo de mudar essa história.

* Gilmar Teixeira

Membro fundador da ALPA - Cadeira 8




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3 comentários


Claudia Vergueiro Quadros de Menezes

31/05/2025 - 10:55:34

Perdi Meu Gordinho Lindo ( Hugo Quadros), há menos de 90 dias. A dor ainda dilacera nossa alma. A companhia dele, era a alegria dos nossos encontros, cercados de amor e aprendizagem. Agora, tenho que seguir cuidando da Gordinha Linda ( Lourdes Quadros), que sempre cuidou de todos nós, com doação total de vida. Agradeço a Deus, pelos pais que me presenteou e pela permissão por retribuir, mesmo que muito aquém do que merecem, os cuidados que recebemos outrora.Parabéns. Gilmar!Que estejamos ate


Marcos Antônio Lima

31/05/2025 - 10:49:10

Belíssimo, uma crônica da vida real. Parabéns, nobre confrade Gilmar Teixeira.


Elizabeth V. Quadros Reis

31/05/2025 - 10:44:33

Quanta verdade em um texto.Vamos acordar e cuidar de quem sempre cuidou de nós.Parabéns amigo Gilmar, vc como sempre se supera a cada texto.Parabéns Pro Gal pela publicação desse lindo e real texto.😘😘😘😘😘❤️❤️


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