Jair Bolsonaro e Alexandre de Moraes em 2026
Francisco Nery Júnior
As eleições se aproximam em 2026, daqui a aproximadamente um ano, sem que haja, até o momento, um consenso ou uma base segura para qualquer prognóstico. Ninguém acredita que o presidente Lula conseguirá se reeleger. A situação econômica fiscal se deteriora a olhos largos e a esquerda brasileira não conseguiu projetar um líder alternativo à altura de peitar nenhum candidato do grupo de quatro ou cinco postulantes fortes da direita. O PT é Lula e, com o presidente, pode partir para o limbo nos próximos anos.
Como no jogo político não há vitória antecipada, a dúvida continua presente na cabeça de todo brasileiro. No interrogatório dos réus da chamada tentativa de golpe no final do governo do presidente Jair Bolsonaro no plenário do Supremo Tribunal Federal, surgiu, intempestivamente, da manga do paletó do ex-presidente, uma chapa imbatível: Bolsonaro e Alexandre de Moraes.
Ambos descontraídos, como soe acontecer em fases de interrogatório, sorriram e desconversaram. Inquisidor e inquirido prosseguiram na liturgia do tribunal.
Bolsonaro, no nosso entender, surpreendentemente se mostrou preparado para a sessão de perguntas e, mais amadurecido, desculpou-se de insultos e impropérios passados esbanjando argumentos que desclassificaram o pejo de tentativa de golpe no final do seu governo.
Houve risos após o convite ao magistrado para a composição de uma chapa para 2026. No nosso juízo, injustificáveis. Em primeiro lugar, não obstante a declaração de “eu declino” entre os dentes, o cargo de presidente do Brasil pode estar nos planos de Alexandre de Moraes. Bolsonaro aos setenta anos e com sete ou oito cirurgias no currículo, pode fraquejar e tombar no exercício do mandato. O ministro também sabe que alguns vice-presidentes chegaram à presidência na história recente do Brasil.
Em segundo lugar, para os que riram no plenário e riem agora nesta leitura, a lembrança que Geraldo Alckmin, vice-presidente de Lula, o tachava de criminoso até as portas da eleição passada. Bem que não há nada de novo embaixo do sol.
Palavras não pensadas, gentileza entre as partes, liturgia dos cargos, ou pura tentativa de descontração, houve o convite.
Mais para a frente, em meados de 2026, veremos, finalmente, se o convite terá sido pra valer.
Francisco Nery Júnior