Novo papa, nova esperança -
O que esperar de Leão XIV
Francisco Nery Júnior
Os cardeais acabam de eleger um novo papa que, de chofre, já nos emitiu dois sinais: ele está atento à importância das coisas novas (rerum novarum) e está preocupado com a ameaça de divisões na Igreja. É necessário adaptar-se aos novos tempos e manter a Igreja mais ou menos monolítica para garantir a sua sobrevivência que já chega perto dos dois mil anos.
Todos nós de todas as crenças ficamos atentos e preocupados com o conclave que elegeu Leão XIV. O cardeal Prevost é um homem preparado e experiente – a Igreja Católica não se descuida do preparo dos seus sacerdotes - e poderá ser um farol para as questões morais e políticas de todo o mundo.
Um terceiro sinal não menos importante é que deseja governar a Igreja com espírito sinodal, o que entendemos que olhará para o Colégio de Cardeais como uma espécie de Senado do Vaticano.
Não sou um deles, mas desejaria chamar a sua atenção para dois versículos fulcrais e basilares da carta do apóstolo Paulo aos cristãos primitivos da cidade de Corinto se isto fosse possível.
Tais versículos dispensam comentários (I Coríntios 1.22-24 e 15-19). O ideal seria ir para o grego. Mas tive a curiosidade de ler os textos em português, inglês, francês e espanhol para verificar uma surpreendente e asseguradora força de expressão nas quatro versões (apenas a versão em espanhol enfatiza o substantivo escândalo com o advérbio certamente na expressão certamente escândalo):
“Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado [salvação eterna], escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.”
“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.”
Determinados prosélitos, ou pregadores, não prezam citar o apóstolo Paulo. Ele foi, todavia, o apóstolo dos gentios. Parlamentou com Cristo já ressuscitado lá na Glória. Foi elevado ao “terceiro céu” e viu “coisas inexprimíveis”. Ressuscitou pessoas e curou doentes e foi milagrosamente preservado até sua provável execução em Roma. A minha maior emoção em Roma não foi entrar na Basílica de São Pedro nem contemplar as ruínas do Coliseu. Foi estar na cidade onde Paulo passou os seus últimos dias.
E uma sobremesa para encerrar: “O meu reino não é deste mundo” (João 18:36).
Francisco Nery Júnior