Sepultando o Brasil
Francisco Nery Júnior
Técnicos do Governo advertem que se nenhuma medida for tomada, a máquina pública poderá parar dentro de dois anos. Um responsável analista afirma que o presidencialismo no Brasil está destruído e Delfim Neto afirmava que o Brasil é ingovernável com a constituição de 1988.
E a bombástica revelação do relator do Orçamento para o próximo ano na Câmara Federal, deputado Mauro Benevides Filho; estarrecedora, triste e preocupante: o Governo pagará mais de um trilhão de reais de juros da Dívida Pública no exercício de 2026. Isto significa R$2,7 bilhões (dois bilhões e setecentos milhões de reais) de juros por dia!
Há cerca de dez anos bradamos para ouvidos moucos, nesta coluna, estarmos os brasileiros em um grande Titanic a afundar.
No livro de crônicas de Humberto de Campos, da Academia Brasileira de Letras, “Sepultando os meus mortos”, minha leitura do momento, encontramos o excerto que passamos ao conhecimento do leitor:
“Alberto Torres teve, de fato, a previsão de todas as calamidades que tombariam dentro de vinte anos sobre o país e chamou para elas a atenção dos homens públicos. Das eminências em que pairava o seu espírito, ele viu, e anunciou, as nuvens sinistras que se acastelavam no horizonte. Daniel em Babilônia decifrou a Baltazar a verdade das palavras misteriosas. Os generais e fidalgos assírios sorriam, porém, da ameaça do céu. E o resultado aí está: a anarquia política, a anarquia econômica, a anarquia social, o edifício de um país novo desmantelando-se como as ruínas de um império oriental.
Há um velho conto armênio em que um sonâmbulo se ergue, cada noite, e, com as mãos estendidas, toca nas portas fechadas da cidade adormecida. E logo depois vem a Morte, e deixa, lá dentro, o sinal da sua passagem em cada casa em que tocaram as mãos do sonâmbulo. Alberto Torres teve, no Brasil, essa missão terrível de anunciador de calamidades. Nenhum dos problemas cuja solução fatal ele previu teve desfecho diferente. A indústria extrativa na Amazônia terminou na falência. As oligarquias tiveram o seu epílogo na Revolução. A política do Café marcha, ameaçando a unidade nacional, para o termo que ele assinalou. Cassandra, calada, guiava a sua mão, quando ele escrevia.
Durante três lustros, o Brasil esqueceu esse grande homem, que devia ter sido o palinuro da nau virgiliana dos seus governos. Ninguém acreditava nas suas predições. Até que os acontecimentos, confirmando o que ele predissera, o impuseram à admiração das gerações novas.”
Introdução por Francisco Nery Júnior
P.S. Palinuro – Timoneiro; piloto
Lustro - Período de cinco anos
Cassandra – Na mitologia grega, profetisa do deus Apolo que possuía o dom de anunciar
profecias nas quais ninguém acreditava. Ela era tida como louca.
Meu caro Nery, com o respeito e admiração que tenho pelo, permita me lhe perguntar, qye tios do zap o amigo estar a seguir? Esses qye dizem que o país está quebrando só falam isso quando políticas públicas de interesse do povo pobre são realizadas. Essas mesmas pessoas acabaram de manter subsídios na economia de mais de 700 bilhões anuais, para grandes empresas obesas e grandes conglomerados econômicos sem um pingo de preocupação com qual retorno ou contrapartida lhes foi dada. Repense