Ele não recebe para isso. Não ganha dos nossos impostos. É ocupado e presta relevantes serviços a quem não tem condições de pagar R$4,00 de uma passagem de ônibus - os ciclistas de Paulo Afonso! A eles, o Poder Público tem o ônus e o débito de um sistema de ciclovias que pena a acontecer. Se só não tem ouro para valer ao pobre, este é mais um caso.  

Tratamos de Marcondes da Oficina das Bicicletas na Avenida de Contorno do outro lado da Igreja do Perpétuo Socorro. O serviço é de primeira qualidade. No tombo que desejamos e no preço que apreciamos. A bicicleta velha do cliente que dela depende para se locomover sai de lá decididamente apta para o serviço. A minha que, por preguiça ou desleixo com a saúde física, fica mais parada que no batente, breve passará por um check-up [geral] e, devidamente lubrificada, cumprirá o seu papel.  

Pois Marcondes, o nosso MacGyver, arrumou tempo e plantou uma muda de ipê, árvore eminentemente brasileira da Mata Atlântica, no meio da praça adjacente (a anterior tinha tombado vítima de uma ventania cruel que, talvez egoisticamente, se preocupa apenas com o seu dever de soprar).  

Ao seu lado, arrastado pelo ato exemplar, ou convertido sem muita oratória, Zezinho do Frete que pode ser encontrado do outro lado da rua para tarefas de frete. O seu serviço também é irreprochável.  

Na alegria e na bondade (a linguagem é do poeta), o fiel um dia chegará de bicicleta para a missa na sua igreja provincial. Alimentará o espírito. Antes, porém, terá passado pela praça e prosseguido para o santuário com a alma alimentada pela beleza e majestade do ipê plantado por um simples cidadão.  

Francisco Nery Júnior