O desfile cívico e alegórico dos 64 anos de aniversário da emancipação política de Paulo Afonso, município localizado no Nordeste da Bahia, distante 450 quilômetros de Salvador, capital do Estado, ainda é tema de muitas conversas, trocas de fotos e vídeos nas redes sociais, e de forma bem especial nos grupos de WhatsApp que reúnem os que foram alunos, professores e funcionários do Ginásio/Colégio Paulo Afonso e as escolas mantidas pela Chesf.
E uma pergunta chegou ao meu whatsapp: Porque os ex-do-COLEPA participam dos desfiles cívicos de Paulo Afonso?
Alunos das Escolas Reunidas da Chesf no desfile de 7 de Setembro de 1953
Pois é, o que leva um monte de gente de mais de 50 anos, muitos até de 60, 70 e até 80 anos, vovôs e vovós, até bisavós, se arrumarem, ajeitarem os cabelos, capricharem na maquiagem, vestir uma roupa de baliza, um short de educação física, saias plissadas dos antigos fardamentos, pernas de fora como se fossem adolescentes e irem para um desfile cívico, sendo vistos – e muito aplaudidos – por milhares de pessoas, como fazem ex-alunos, ex-professores, ex-funcionários do sistema de ensino da Chesf, o COLEPA e suas escolas reunidas?
Desfile das Escolas da Chesf, na Avenida Getúlio Vargas e do Ginásio na Rua do Gangorra, na Chesf
Recebo, com naturalidade, esse questionamento de um jovem senhor de hoje, obviamente não ex-aluno do Colepa e de suas muitas escolas agregadas. E percebi que esta curiosidade dessa pessoa amiga não era só dele.
Últimos estudantes do COLEPA em Dezembro de 2000
Afinal, causa mesmo questionamentos quando se vê, em um dia feriado, 28 de julho ou 7 de setembro, quando se poderia estar dormindo mais um pouco ou viajando, passeando, no avançar dos anos, mais de uma centena de pessoas, ex-alunos, ex-professores de uma instituição de ensino que fechou suas portas há mais de 20 anos atrás, em dezembro do ano 2000, terem uma rotina diferente nesses dias, acordarem mais cedo e até controlarem a ansiedade, criarem uma camisa especial e saírem animados como se, de novo adolescentes fossem, para um reencontro esperado, programado, medido, sofrido quando ele não acontece, na principal Avenida da cidade de Paulo Afonso, esteja com chuva ou com o sol sertanejo a pino sobre suas cabeças.
Célia e Professor Marcos Pinheiro. Ele veio de Lisboa, onde é professor.
Mas, ali estão estes senhores e senhoras, alguns vindos de muito longe como já aconteceu em outros momentos quando se recebeu na Avenida o colega colepano Marcos Pinheiro que é, há mais de 20 anos é professor de Artes em Lisboa-Portugal.
A distância não parece ser, portanto, obstáculo para esse reencontro anual, interrompido por dois anos por essa pandemia que ceifou também vidas preciosas de colepanos. Também não é obstáculo a idade desses cidadãos brasileiros.
No desfile de dois anos atrás ali estavam alguns queridos professores como Juvenal, Semir, Edésio e funcionários queridos e sempre lembrados, que fizeram esse desfile em um carro, mas não deixaram de estar presentes.
Professor Roberto Ricardo, 80 anos, na Avenida
Outros como os professores Nena, Galdino, Roberto Ricardo fazem todo o percurso do desfile ou apenas uma parte dele no chão da Avenida, juntos com ex-alunos sempre muito amados. E, só pra lembrar, o Prozinho, Roberto Ricardo completou 80 anos em abril de 2022 e fez todo o percurso, feliz da vida.
Faz alguns anos que nasceu essa ideia de se procurar reunir o maior número possível de pessoas que viveram anos maravilhosos de suas vidas recebendo ensinamentos de professores comprometidos e esses ensinamentos formaram milhares de cidadãos brasileiros, homens e mulheres que, também durante muitos anos foram ou ainda são profissionais exemplares em suas áreas de atuação, as mais variadas possíveis.
Ao longo de cerca de 50 anos foi assim todos os anos. Na Rua do Gangorra, no Acampamento da Chesf, na Rua da Frente (Av. Getúlio Vargas) e mais recentemente na Av. Apolônio Sales, ali estavam as escolas, o ginásio, o colégio mantidos pela Chesf, a hidrelétrica do São Francisco...
E essa disposição, esse gesto de civismo, hoje associado também ao prazer do reencontro de colegas de tantos anos atrás, sempre acompanhou cada ex-aluno do Colepa e de suas escolas agregadas. Desde os pequeninos das Escolas primárias da Chesf aos alunos do GPA, a expectativa era grande e todos queriam desfilar. Hoje, infelizmente, muitos colégios precisam premiar os alunos com notas para que cumpram esse dever cívico. É triste ver isso ser tratado como coisa natural...
Destes ex-alunos do COLEPA saíram médicos, engenheiros, professores, advogados, atletas renomados, políticos sérios, deputados, prefeitos, vereadores, homens e mulheres profissionais de primeira, mães e pais exemplares. Para onde se olhar haverá sempre um ex-colepano brilhante.
A resposta do questionamento, do porquê dessa busca desses reencontros, deve estar no grande amor à instituição que nos fez melhores cidadãos e da pura amizade que se formou entre os colegas das salas de aulas, dos jogos estudantis, ou a constante busca pela valorização desses sentimentos um pouco estragados pelas modernidades que aparecem.
Legenda da foto: A partir da esquerda: Ieda, esposa de Valdenor, Beta, de Valdenor, Valentina, neta sobrinha de Valdenor, Zé da Luz (Recife), Paulo Reis (Paulo Afonso), Geraldo Batista (Paulo Afonso), Rira companheira de Gil-Paulo Gilberto (Salvador) e Valdenor Vilar Reis (Salvador)
Os que saíram das salas de aulas do COLEPA nutrem mesmo tanto amor por esses valores que se organizam e se reúnem para estarem juntos aos mais novos e com estes se igualam em animação e entusiasmo, como fizeram Valdenor Vilar, Zé da Luz e familiares se deslocaram de Salvador e Recife para se encontrarem com os amigos de Paulo Afonso. Viajaram centenas de quilômetros para também vestirem a camisa do COLEPA em Paulo Afonso, no dia 28 de julho de 2022, no aniversário de 64 anos do município.
Os que não puderam vir, por problemas de trabalho ou de saúde, já se programam para aqui estarem para o desfile do dia 7 de setembro. Por enquanto, ficam vendo e se emocionando com as muitas fotos e alguns vídeos, com sorrisos imensos admirando esse reencontro dos colepanos todos os anos.
Um detalhe que tem chamado a atenção dos que compartilham mensagens pelas redes sociais é a expressão de juventude eterna que todos esses ex-do-Colepa mostram na avenida e olhe que quase todos ou pelo menos a grande maioria dos que ali estavam nesse 28 de julho, são gente da terceira idade, alguns com mais de 70 e até 80 anos de caminhada nesta vida...
O motivo maior de se buscar esses reencontros é que eles nos fazem reviver momentos imorredores da nossa juventude, da adolescência. Isso será sempre eterno enquanto vivermos, como já dizia o poeta Vinícius de Morais. É mesmo a essência do amor que será “eterno enquanto dure”...
Em um desses momentos mágicos, como não se emocionar ao ver a ex-aluna do COLEPA, Joana Telma que veio do Recife e percorreu a Avenida Apolônio Sales no desfile de 7 de setembro de 2019, em uma cadeira de rodas, à frente dos pelotões do ex-alunos do COLEPA, portando, compenetrada, a bandeira do Brasil. Coisas assim, só o espírito colepano explica, ou tenta explicar... Ou ex-alunos do COLEPA, psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, estudantes das reações humanas, talvez tenham um belo caso a ser estudado...
E eu trago à memória os primeiros grandes encontros desses jovens maduros ex-colepanos, quando nos juntamos a Tânia Bonfim que veio de Salvador com essa ideia na cabeça e aqui nos reunimos, Tânia, Nane, Idalina e Galdino, num trabalho árduo que sempre acontece quando é o primeiro passo, e nasceu, já brilhando intensamente, o nosso I Encontro de Ex-alunos do COLEPA.
Era o ano de 2008. Buscamos o apoio da Chesf que tinha como Administrador Regional o também ex-colepano, professor e diretor administrativo do Colepa, Gilberto Pedrosa, Maninho. Foi-se ao prefeito Raimundo Caires. Buscou-se o apoio empresários como Sebastião Leandro, da Suprave e outros apoios.
Ah... Como lembramos do Cabo Barbosa, ex-instrutor da Banda Marcial/Musical do COLEPA. No Encontro de ex-alunos de 2008 ele foi buscar apoio de músicos de Paulo Afonso e de Delmiro Gouveia e criou uma banda musical para acompanhar os colepanos que saíram da concentração no CPA para dar um abraço simbólico no velho prédio do GPA/COLEPA...
Em 2013, outro grande encontro e dele participaram muitos que já nos deixaram no meio da caminhada. Ali, dentre outros identificamos o Professor Carlos Formigli, ex-diretor do COLEPA por 13 anos, que veio de Salvador para prestigiar esse encontro. Nele também estavam o radialista Antonio Diniz, o médico e professor Dr. Germino, Idalina, a pioneira dos encontros... e tantos outros que já estão em outro plano...
Esse reencontro, agora institucionalizado através de uma Associação de Ex-alunos do COLEPA promete ser repetido, não apenas nos desfiles cívicos, mas também no resgate de momentos memoráveis como os festejos juninos, as atividades desportivas dos áureos tempos do COLEPA, claro que tudo agora numa versão terceira idade...
E, com certeza, enquanto estiver jorrando dentro de cada um de nós essa fonte inesgotável de juventude, estaremos nos abraçando e revivendo cada bom momento que foi quando fomos estudantes do Ginásio, Colégios e Escolas Reunidas da Chesf em Paulo Afonso e veremos esse nosso amor intenso, ser multiplicado nos nossos filhos e netos e se eternizar no tempo mesmo bem à frente quando cada um de nós for apenas história...
Esse sentimento de amor intenso, será que Freud explica? Sei não, viu?
Só sei que se cada um de nós se conscientizar da importância desses momentos, com certeza, o COLEPA NÃO MORRERÁ NUNCA!!!
Querido Galdino, linda matéria. Parabéns!! O COLEPA tem uma linda história. E você sempre valorizando uma época de ouro dessa bela instituição. Grande abraço. Nancy
Parabéns pela excelente matéria. Infelizmente não consigo estar presente quando tem o desfile mas poder ler tudo isso me faz relembrar de uma adolescência tão maravilhosa quanto foi a nossa. Que bom manter esses valores tão fortalecidos. Espero poder desfilar um dia relembrando o nosso Colepa tão querido
Parabéns, Professor Galdino! Excelente matéria! Disse tudo: Respeito, Amizade e muita Gratidão por tudo que recebemos dessas Escolas da CHESF (corpo discente e docente). Enquanto tiver ex alunos, COLEPA não morrerá jamais! 💙💛
Gratidão por fazer parte dessa história, onde no último ano estávamos terminado o ensino, parabéns aos professores e amigos pela a conquista,saudades do saudoso Barbosa meu instrutor da banda do colepa...amo todos vcs
Imortal querido e eterno professor GALDINO! Parabéns mestre pela excelente cobertura de mais um desfile, onde dentre outros dou ênfase ao COLEPÃO DE OURO ! Nos leva aos tempos áureos da nossa vida de estudante. Lá, além da excelente formação, deixamosamizades .... eternas amizades ! Parabéns aos organizadores, por manterem vivas estas chamas que abrilhantam os desfiles da nossa Paulo Afonso. Vamos em frente !
Gratidão meu querido amigo professor Galdino, por sempre evidenciar a eterna baliza do COLEPA. Meu nome é gratidão!Linda matéria 🙏
Gratidão por esse Jornal que nos ajuda a manter viva nossa adolescência.Parabens ao ilustre e sempre presente professor GaldinoO COLEPA me inspirou a construir e gerar o Colégio Mora Anglo em Juazeiro sa Bahia .Gratidão
Parabéns Professor pela emocionante e bela materia
Matéria excelente. Parabéns Galdino pela contribuição contínua de registrar o legado dessa instituição de ensino que, de fato, formou grandes cidadãos e é orgulho dos psuloafonsinos
Momento mágico mesmo, muitas lembranças e muita emoção!!
Parabéns professor. Belíssima matéria. O colepa nunca morrerá.
Parabéns, Professor!Realmente vc explanou todas as razões,por qual ainda amamos tanto esse colégio.BELA MATÉRIA.