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SEMANA JÂNIO SOARES – NO CÉU DOS PASSARINHOS - A mensagem doída, do amigo Edson Mendes, escritor da ALPA.

Publicada em 25/07/22 às 00:16h - 529 visualizações

Antônio Galdino com Edson Mendes


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SEMANA JÂNIO SOARES –  NO CÉU DOS PASSARINHOS - A mensagem doída, do amigo Edson Mendes, escritor da ALPA.
 (Foto: Arq. do jornal Folha Sertaneja)

A madrugada de 13 para 14 de dezembro de 2021 encontrou o pauloafonsino de raízes no Povoado Juá, há muito morador do Recife, Edson Mendes, de olhos fixos no computador, escrevendo, no estilo de Jânio Soares, um texto onde fala desse seu amigo que se fora, poucas horas atrás, consumido por um infarto fulminante. 

Edson Mendes, membro correspondente da Academia de Letras de Paulo Afonso, Cadeira Nº 26, filho de D. Rita e do Delegado Pedro Mendes, pauloafonsino dos tempos pioneiros de Paulo Afonso, amigo de Janinho também de longa data, sofria, sozinho, no meio da madrugada, mas ele precisava dizer ao mundo, aos leitores do site e do jornal Folha Sertaneja o que estava sentindo, como se lembrava do velho amigo, contemporâneo...

Nessa SEMANA JÂNIO SOARES –que o Jornal Folha Sertaneja, o site www.folhasertaneja.com.br e a Academia de Letras de Paulo Afonso - ALPA estão apresentando, de 24 a 31 de julho, este é o 2º dia - 25 de Julho.

Lembramos que o dia do seu aniversário de 64 anos, foi 21 de julho, uma semana antes do aniversário do município de Paulo Afonso, que também completa 64 anos, ambos nascidos no ano de 1958 e apresentamos mais essa homenagem. Amanhã, outros textos de membros da ALPA e também, nos próximos dias, algumas das centenas de crônicas que Jânio Soares escreveu, estas publicadas no jornal Folha Sertaneja.

Abraço fraterno.

Antônio Galdino da Silva

Jornal Folha Sertaneja

Site www.folhasertaneja.com.br

Presidente da ALPA 

NO CÉU DOS PASSARINHOS

Janio Soares, Janinho, morreu hoje de madrugada. Com ele se vai um pedaço de nossas vidas. Sem ele, o que nos resta senão chorar e sofrer? Nunca saberei suas últimas palavras, mas ele teve tempo de dizê-las todas. Semana passada, por exemplo: “sempre fui um velho gauche na vida, com pitadas de vagabundo de Glória, cafuneado por oito tias, avós e agregados”. E assinou: o véio do rio. Pois esse véio do rio, que era também um sabiá, chamava Valéria de meu amor e dizia: te amo. Para ele, Juca era um lindo milho verde com boca de cereja, Luiza bochechinhas de amora e Júlia uma pitanguinha. Sobre a finada mas nunca submersa Glória, onde as frutas tinham sobrenome, escreveu: “a campeã em doçura era a manga Ceci, batizada assim por vô Dedé em homenagem a minha mãe, que, voz geral, se não tivesse nascido gente brotaria néctar”. Mandou certa vez a foto de uma manga-rosa e subscreveu: um pingo de chuva. Quando enfim aderiu ao zap: “eu agora sou moderno!” E quando a Globo cancelou os e-mails, falou: “agora não sou mais global, no máximo um vira-bosta da Poty, com muito orgulho”. Achava que tinha todo o tempo do mundo para ler, “mas mudei de opinião assim que a vida me mandou um recado: ‘Ei, seu velho vagabundo, se desligue um pouco, porque amanhã você poderá ser só tosse, tosse’... Pois é, o destino (ou seja lá o que for) sempre apronta das suas com velhos bardos grisalhos que gostam de entrelaçar palavras igual tia Belica com seus bilros”. Sempre acordava cedo, pra dar milho aos passarinhos e ver o sol nascer. Dizia: “eis-me aqui no meu cantinho protegido pelas rezas das tias que me restam e por entes alados que me amparam toda vez que tentam sabotar as cordas do meu trapézio, ainda sonhando em voltar a viver [...] onde as crônicas que nunca fiz me acordem bem cedinho, tanto faz se no grito duma suindara rasgando mortalhas ou num canto de raro passarinho. Onde o navio de Fellini passe lentamente nesse meu rio, levando no convés Brigitte e Lollobrigida, Django e Cantinflas, Deneuve e Sophia, Glauber e Macunaíma, todos me acenando e gritando: Tchau, bambino, Janio!”. Sobre algumas certas pessoas, disse: “a inveja mata muito mais que a saudade, principalmente aqueles que se acham vivos!” Sobre uma louvação que lhe fiz na Revista da Academia, respondeu: “Aldinha adorou. Fez 96 semana passada e continua uma leitora voraz, até disse: Aquele Essinho sempre foi namorador”. Sobre certas declarações que fez, o adverti: home, tenha coidado! viver num imenso castelo cercado de papoulas emanando volúpia e ópio pelos canais da velha Amsterdam é mais melhor ou mais peor do que num brete ali na curva da cerca do açude? E não vá na onda de Paulo Vivo nem do finado Raimundo não: nome por nome eu prefiro Deusa... Ele só fez rir. Agora no dia 2 me perguntou: “já viu Vento Vadio de Antônio Maria? Rapaz, o desarmonioso (genial definição de Aldinha quando quer chamar alguém de feio) pernambucano era realmente f*”. Acusado de latifundiário, respondeu: “fazendeiro é muito. Moro numa roça de 12 tarefas”. “Aqui tá um frio da gota. Dizem até que pode nevar lá pras bandas do Juá”. “A propósito, sempre achei que poesia é tudo aquilo que seu olho inventa e o dicionário estraga”. E muitas coisas ainda disse mais, como vocês sabem, mas paro por aqui, meus olhos não conseguem ver... já é quase madrugada de novo do dia seguinte. E ainda o ouço, vivo e buliçoso, dirigindo-se a Valéria mas também a todos nós que o amávamos: “A vida dói, mói, rói, mas é bela, minha velha...” Tengo, lengo, tengo, lengo, tengo, lengo, tengo, lengo, ei, gado, oi...

Edson Mendes

Cadeira 26

Recife - 13/14.12.2021




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1 comentário


PAULA FRANCINETE RUBENS DE MENEZES

25/07/2022 - 09:51:23

Este Edson Mendes é fogo! Pelo jeito, o Jânio também... Estou curiosa para conhece-lo mais. Aguardo novas histórias. Parabéns, Folha Sertaneja, por não permitir que pessoas assim morram.


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