Luiz de Deus, uma marca forte na história de Paulo Afonso

Professor Antônio Galdino

Luiz Barbosa de Deus foi, durante muitos anos, um chesfiano, médico, cirurgião, chefe de clínicas do Hospital Nair Alves de Souza, até que decidiu ajudar o município de Paulo Afonso a se desenvolver e, para isso, entrou na política, filiou-se ao PFL e fez dobradinha política com o Deputado Federal José Carlos Aleluia Costa, que também havia sido chesfiano, presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco.

Em outubro de 1988 Luiz de Deus elegeu-se prefeito de Paulo Afonso, recebendo a gestão das mãos de José Ivaldo de Brito Ferreira. Tempos difíceis de um município recém-saído de um governo militar que terminara em 1985 justamente com a eleição de Zé Ivaldo que teve apenas três anos de mandato para ajuste do calendário eleitoral.

Luiz de Deus foi prefeito de Paulo Afonso de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1992. No primeiro ano desse mandato fui convidado por ele para ser o seu Assessor de Comunicação e ali fiquei apenas por um ano porque fui nomeado para gerenciar, na Chesf, a Divisão de Recursos Humanos da Regional Paulo Afonso, criada na gestão do Presidente Ministro Antônio de Oliveira Brito.

Uma de suas ações junto ao governo do Estado resultou na criação do Colégio Estadual Carlina Barbosa de Deus, nome de sua mãe, sugerido pela Professora Jocelina Campos, sua primeira diretora. Ao criar o Carlina, Dr. Luiz conseguiu junto ao governo do Estado a minha transferência de professor do CIEPA (hoje CETEPI-1) para o Carlina para auxiliar a diretora Jocelina Campos e dar aulas de Português e de Turismo e, anos à frente, seu irmão, Paulo de Deus, quando prefeito, conseguiu a ampliação deste colégio, instalado na antiga Escola Murilo Braga e que chegou a ter mais de 3 mil alunos.

Estive com o Dr. Luiz de Deus muitas vezes. Em muitos momentos, portanto, muitos motivos de muitas boas lembranças e para ser sempre grato a ele. Apresentei os desfiles cívicos a seu convite e de outros que o sucederam durante muitos anos como já havia feito na gestão do prefeito Abel Barbosa.

Anos à frente, quando Dr. Luiz se reelegeu para o seu segundo mandato – 2017/2020 - ele apoiou o Jornal Folha Sertaneja, autorizando a veiculação de publicidades da gestão, no valor mensal de R$2.500 reais que, meses à frente foi cortada sem que ele soubesse. E ficou sem saber por muitos meses, só vindo a saber por um amigo comum, bem à frente. Mandou restabelecer essa parceria com o jornal e depois, cortaram novamente, cerca de ano e meio depois... Ele nunca soube disso e me recusei a levar essa situação para ele, que certamente mandaria restabelecer porque era sempre contra injustiças. Nunca quis incomodá-lo por isso.

Uma lembrança dele que foi muito forte, foi a sua emoção ao me receber junto com diretores da Academia de Letras que eu presidia para apresentar a ele, a proposta da criação do Memorial Abel Barbosa. Eu estava acompanhado dos membros da ALPA – Socorro Araújo e Maciel Teixeira (diretores da ALPA) e Francisco Nery e Jean Roubert, membros da ALPA, sendo Jean, na época – dia 19 de agosto de 2020, Dia do Historiador – o Vereador líder da bancada da situação, do governo Luiz de Deus, na Câmara Municipal.

Emocionado ele aprovou a ideia que levamos da criação desse Memorial Abel Barbosa e assumiu a paternidade dessa proposta criando o Projeto de Lei que foi conduzido pelo Vereador Jean Roubert e aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal de Paulo Afonso, criando o Memorial Abel Barbosa para funcionar no prédio da 1ª Prefeitura de Paulo Afonso, lugar conhecido como Espaço Cultural Raso da Catarina, na Rua Landulfo Alves. 

Em 27 de outubro de 2020, Dr. Luiz de Deus sancionou a Lei Municipal 1.455/2020, criando este Memorial Abel Barbosa publicada no DOM - Diário Oficial do Município em 29/10/2020. O Covid-19, muito forte, impediu que as instalações fossem reformadas e o Memorial instalado. Depois, com problemas delicados de saúde ele se afastou da gestão municipal e não se deu seguimento ao projeto em cumprimento a esta Lei.

Meses atrás fui fazer uma visita a ele em sua casa. Ali estavam D. Didi, Tony, seu filho. Era a hora do almoço, mas, convidado por D. Didi, não fiquei para esse almoço. Eu estava impactado com o seu estado de saúde, o seu desligamento do mundo à sua volta e ao lembrar de sua intensa vida pessoal e política, ali demorei pouco.

Desde a noite de ontem, 23 de maio, quando circulou pelas redes sociais a notícia do seu falecimento, tenho acompanhado o reconhecimento de milhares pessoas pelo que ele fez por Paulo Afonso...

Paulo Afonso está entristecida nesse sábado quando milhares de pessoas têm ido ao Ginásio de Esportes da cidade levar o seu abraço a Dona Didi, sua companheira de toda a vida, e aos filhos amados, aos familiares.

Por ali, têm passado as autoridades mais representativas da sociedade pauloafonsino e até regional e o povo humilde, simples, seus eleitores que ele sempre chamava de amigos.

Fica a saudade, as lembranças e fica o seu legado, imortal, espelho para muitos que quiserem seguir os seus passos com dignidade, verdadeiramente por amor a este município...

Cada um de nós, como me dizia o Professor Genaro, de 30 anos de caminhada também junto, se sente um pouco órfão pelo falecimento de Dr. Luiz, também abençoado por Deus que lhe deu a bênção da longevidade. Ele nos deixa quando faltavam apenas 13 dias para completar 87 anos, pois nasceu em Serrão/SE em 5 de junho de 1938.

Pessoalmente e pela minha família sempre muito grata pela presença do Dr. Luiz de Deus nos momentos de angústia de dor de parentes, abraçamos a D. Didi, seus filhos e familiares, nesse doloroso momento de despedida. Que o Espírito Santo console a cada coração. (Professor Galdino)