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Professor Galdino

ECOS DA 4ª BIENAL - Outros olhares para a Cultura

Publicada em 12/04/23 às 21:30h - 325 visualizações

Antônio Galdino - atualizada dia 12/04/2023 às 23:15


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ECOS DA 4ª BIENAL - Outros olhares para a Cultura
 (Foto: Nilton Alcântara (Negrito), Antônio Galdino e Acervo Jotalunas)

Os estudiosos da língua afirmam ser a cultura, esse substantivo feminino, um conjunto de tradições, crenças e costumes de determinado grupo social, repassados através da comunicação ou imitação às gerações seguintes.

Outros asseguram ser a cultura um complexo de atividades, instituições, padrões sociais ligados à criação e difusão das belas-artes, ciências humanas e afins.

E se formos aprofundar esse estudo veremos quão ampla é a abrangência da cultura desde muitos milênios.

Em Paulo Afonso, a cultura tem se apresentado, mutante e diversificada, desde os seus primeiros tempos do início do seu povoamento. E, como explica a sua definição, associada aos grupos sociais de cada geração.

Antropólogos, arqueólogos, sociólogos, e outros cientistas que estudam a presença do homem em um lugar têm cuidado de trazer às gerações mais novas como tudo isso começou.

Sabe-se que o município de Paulo Afonso foi formado essencialmente por nordestinos vindos desses muitos sertões e, naturalmente, ao chegarem por aqui foram introduzindo os valores culturais, os costumes de onde vieram.

É sabido que nos primeiros tempos do Povoado Forquilha, da Vila Poty, o frevo pernambucano era a dança que invadia as ruas e os clubes sociais durante o carnaval, assim como o forró e seus desdobramentos vieram da Paraíba. De outras regiões nordestinas chegaram o som dos repentistas e violeiros e nas festas de Natal a disputa dos cordões azul e encarnado dos pastoris, vindos das terras alagoanas fazia a animação das ruas...

Só nos anos oitenta, com a entrada do sinal de televisão, a essência da cultura da Bahia, a capoeira, as comidas, as crenças associadas à cultura africana, a religiosidade popular, deram o ar da graça por essas terras que depois foi invadida pelo som dos trios elétricos e o axé baiano...

No final do século passado, por quase 20 anos, um movimento que começou numa sala de aula e que se chamava Semana do Modernismo, procurou mostrar quão diversos eram os caminhos da cultura em Paulo Afonso de tantas tribos e nações. Começou aí o despertar para a escrita de livros, quase todos de poesias, livres, leves e soltas na praça que Castro Alves já tinha dito que “é do povo, como o céu é do condor”.

Nas ruas e nos clubes sociais da cidade, na época, o COPA e o CPA, ambos mantidos pela Chesf, surgiam as primeiras encenações de peças. Nascia o teatro, incentivado nas salas de aula pela Professora Salete, no Ginásio Paulo Afonso/COLEPA, nas ruas com o Grupo Curicaca, valorizando o cordel, pelo pioneirismo da hoje psicóloga, acadêmica da ALPA, Lúcia Teixeira e o Clube Operário, o COPA, com Dolores Moreira, também da ALPA, abrindo espaços para os jovens no GETAPA – Grupo de Teatro Amador de Paulo Afonso.

Bem antes, ainda no final dos anos de 1940, Horácio Campelo, fazia encenações de teatro para ajudar na construção do Igreja de São Francisco e havia musicais encabeçados por Bret Cerqueira Lima e sua esposa Neyde, D. Alma esposa de Dr. Mucini e Marieta Ferraz, esposa de diretor técnico da Chesf, Marcondes Ferraz, para ajudar na construção do Ginásio Paulo Afonso.

Nesses dias em que a Academia de Letras de Paulo Afonso encabeçou a realização da 4ª Bienal do Livro de Paulo Afonso, evento criado pelo Jornal Folha Sertaneja em 2014, encontrei anotações interessantes do 1º Festival de Violeiros realizado em Paulo Afonso em 26/10/1996, dentro da 14ª Semana Cultural desta cidade e, nesse festival, uma renhida peleja entre os repentistas Ivanildo Vilanova, pernambucano de Caruaru e Sebastião Silva, paraibano de Pinhõeszinhos. O mote para essa dupla foi:

- Paulo Afonso é a fonte de energia

Que dá vida ao Nordeste brasileiro...

Pois é. Paulo Afonso que, nas duas últimas décadas tanto tem investido na apresentação de grandes bandas musicais, de custo altíssimo, tem esquecido que há uma gama enorme de outros olhares culturais e há a necessidade de se abrir espaço para todas as outras formas de cultura.

A 4ª Bienal do Livro de Paulo Afonso trabalhou nesse foco. Abriu espaços para crianças apresentarem seus poemas, suas danças, mostrasse o xaxado dos cangaceiros de Lampião, ao lado das acadêmicas da ALPA, Jovelina Ramalho e Socorro Mendonça, em poemas de suas autorias ou em edificante palestra de Edson Mendes, ou ainda com Jotalunas e sua Mala do Poeta, no resgate da história e da memória na palestra do Professor Galdino, na mesa redonda sobre o cangaço e a cultura nordestina com João de Sousa Lima e convidados e nas falas de outros participantes, acadêmicos e escritores de cidades alagoanas, baianas, sergipanas, pernambucanas. Ali, anônimos e famosos, mostraram ao público essa variedade de valores, tão ricos e tão pouco valorizados pelos grandes promotores culturais.

Como foi bom ver o canto coral, que já foi tão intenso, em tantos lugares, no Coral Vozes da Educação, onde professores, coordenadores e a própria secretária de Educação trouxeram a harmonia do cantar do sertanejo...

Nesta Bienal, as histórias de cangaceiros se misturaram com os versos da poesia de Marquinhos da Serrinha, e os acordes dos violões de Oscar Silva e Rafael di Oliveira fizeram um perfeito encontro com o violoncelo, clássico e popular, de Aldair Tomé, assim como a poesia do paraibano Severino se mesclou de forma perfeita com os acordes da Orquestra do alagoano Maestro Bacalhau.

Paulo Afonso é baiana, nordestina e tem o privilégio de estar bem ao lado de Pernambuco, Sergipe, Alagoas de quem tem bebido as águas culturais ao longo de sua vida que chega aos 65 anos. Talvez sejam bem poucas as cidades brasileiras que tenham uma miscigenação cultural tão grande como a nossa Paulo Afonso.

Mas, onde estão os grandes encontros de corais? Onde está o estímulo ao artesanato local? Porque não se tem mais os festivais de violeiros? E os festivais de música como os FEMPA (Festival Estudantil de Música Popular de Paulo Afonso) e o FAMPA (Festival Aberto de Música Popular de Paulo Afonso), esse último promovido pelo Programa Coliseu Show... E, porque não incentivar ou se promover encontros ou festivais de música religiosa, evangélica, católica?... Onde está o nosso teatro, pequeno, rústico, mas nosso? Porque não há apoio financeiro para a publicação de livros, para que se possa cumprir o recado deixado por Castro Alves:

Oh! Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n'alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar!

A 4ª Bienal do Livro de Paulo Afonso, embora tenha se voltado para a cultura literária, também muito pouco valorizada pelos promotores culturais do município, deixou um recado bem claro para os ouvidos e olhares atentos: já passou do tempo de todas as formas de cultura do município merecerem a atenção e o apoio da gestão municipal. De forma permanente. Sempre. E não apenas como promessas de campanhas políticas em tempo de eleições. E tenho dito!

 

Antônio Galdino da Silva

Presidente da ALPA

 




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2 comentários


Socorro Mendonça

13/04/2023 - 14:35:36

Parabéns ao jornal FOLHA SERTANEJA e ao nosso presidente da ALPA, ANTÔNIO GALDINO, por mais uma vez dá conhecimento e voz das carências da ALPA/ ACADÊMIA DE LETRAS DE PAULO AFONSO.Quase 17 anos de fundada! IMORTAIS de excelentes nível cultural/ literário, no entanto e infelizmente, ainda não fomos vistos com o devido e merecido valor de quem, semeia e divulga a arte literária, visando o desenvolvimento da nossa cidade. Apoiamos Academias vizinhas e servimos de exemplos . Ah! SOMOS EXEMPLO SIM e como isso nos orgulha.Recorro ao dito popular:" santos de casa, não obram milagres ". COM ORGULHO, PODEMOS AFIRMAR: JUNTOS SOMOS FORTES! A ALPA SOMOS TODOS NÓS .


Paula Rubens

13/04/2023 - 05:48:43

Parabéns,caro Galdino, pelo sucesso desta Bienal e pela cobrança por mais investimento municipal na cultura local. Este é um mal generalizado nas nossas cidades interioranas, onde o que vem de fora é sempre mais valorizado.


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