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O Brasil perde a sua maior referência em estudos sobre o cangaço. Morre Antônio Amaury, em São Paulo, aos 86 anos

Publicada em 27/02/21 às 18:34h - 1733 visualizações

Antônio Galdino


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O Brasil perde a sua maior referência em estudos sobre o cangaço. Morre Antônio Amaury, em São Paulo, aos 86 anos
 (Foto: das redes sociais)


Nesta sexta-feira, 26 de fevereiro, morreu em São Paulo, aos 86 anos, a maior referência em estudos sobre o cangaço no país, o escritor renomado Antônio Amaury Corrêa de Araújo.

Ele nasceu em 1934, na cidade de Araraquara, interior de São Paulo e era cirurgião dentista e nos anos 70 ficou conhecido em todo o Brasil ao participar do "Programa 8 ou 800", da TV Globo, respondendo sobre o tema cangaço, sobre o qual se aprofundou em estudos, o que o trouxe muitas vezes ao Nordeste.

Esteve em Paulo Afonso várias vezes e, segundo o escritor João de Sousa Lima, membro fundador da Academia de Letras de Paulo Afonso, que o hospedou em suas viagens a Paulo Afonso e à região, aqui ele esteve em vários povoados e manteve contatos com pessoas, familiares de cangaceiros e de coiteiros da região que João havia identificado em sua pesquisa também sobre esse assunto.

João diz que, “por mais de dez anos fomos parceiros de pesquisas. Tive momentos memoráveis com ele. Estivemos no famoso encontro entre os cangaceiros Moreno, Durvinha e Aristéia com os soldados Teófilo e Antônio Vieira, que aconteceu em Fortaleza e foi matéria do Jornal Nacional de rede Globo. Dr. Amaury apresentou o meu primeiro livro Lampião em Paulo Afonso e depois me deu a honra de apresentar um livro dele, um gesto de muita humildade dele que foi, sem dúvida alguma, o maior escritor do cangaço.”

Diz ainda João de Sousa Lima sobre Dr. Antônio Amaury: “Ele entrevistou mais de 20 cangaceiros e centenas de soldados e coiteiros, além de ter hospedado a cangaceira Dadá em sua casa durante seis meses. Era sempre procurado para contribuir com reportagens sobre o cangaço em revistas, jornais, tvs, filmes e documentários e tem em sua residência o maior acervo de informações e pesquisas sobre os cangaceiros.”

No Cariri Cangaço realizado em Barbalha/CE, em 2011, João de Sousa Lima homenageou o escritor Antônio Amaury com uma placa.

Outro pauloafonsino que conviveu bastante com o Dr. Antônio Amaury é o também pesquisador e escritor sobre o cangaço, também membro da Academia de Letras de Paulo Afonso, Luiz Ruben Alcântara Bonfim que tem dois livros feitos em parceria com ele: Lampião e as Cabeças Cortadas e Lampião e a Maria Fumaça.

Sobre a perda do mestre e amigo, assim se expressou Luiz Ruben no grupo de Whatsapp da ALPA:
“Ainda estou assimilando a triste notícia da partida de um grande homem que foi o maior pesquisador sobre o tema cangaço, Antonio Amaury.

Sinto-me órfão, não somente pela perda do grande pesquisador, mas pelo amigo de duas décadas. Apesar de estarmos em estados distantes, estávamos sempre em contato quase que diário pelo telefone.

Por muito tempo, nas minhas férias, ia a São Paulo onde passávamos longas horas de passeios pelos sebos e livrarias da cidade e outras longas horas de conversa na sua casa com sua família onde eu e minha esposa sempre fomos recebidos com a gentileza e o carinho tão peculiar de toda família.

Certa ocasião fomos juntos até Ribeirão Preto num encontro de Ferromodelismo, eventos que eu costumava frequentar.

Sinto-me órfão daquela presença mesmo que distante fisicamente, ele estava lá. Era a referência, o farol, o modelo a ser seguido. Perdemos o grande pesquisador, o mestre dos mestres, aquele que abriu os caminhos do conhecimento do cangaço para os outros pesquisadores, mas que vai deixar para essa geração de estudiosos e pesquisadores e para as próximas que virão um legado a ser seguido.

Perdi um amigo, leal, correto, sincero, virtuoso, que vai deixar muita saudade.

Agradeço a Deus que colocou no percurso da minha vida um ser humano da qualidade de Amaury.

Descanse em paz meu amigo...

Abraço fraterno meu e de Angela a toda família: Dona René, Amaury Junior, Carlos Elydio, Sérgia Reneé, Henrique e Marcelo”.

Em 30 de setembro de 2019, Luiz Ruben Bonfim, acompanhado de sua esposa Ângela, esteve em visita oficial representando a Academia Brasileira de Letras e Artes do Cangaço - ABLAC – para entregar ao pesquisador e escritor Antônio Amaury Corrêa de Araújo para lhe entregar o Título de Membro Honorário do referido sodalício como também a Medalha Comemorativa ao ato. “O referido título, uma proposição do senhor presidente da ABLAC, pesquisador Archimedes Marques, aprovada por unanimidade em Assembleia do prestigiado sodalício; presta uma das mais justas homenagens ao Mestre da pesquisa do Cangaço, Doutor Antônio Amaury Correa de Araujo”.

A visita aconteceu na residência da família Corrêa de Araujo em São Paulo, tendo como anfitriões, além do homenageado, sua esposa, dona Renê e o filho Carlos Elidyo. Participaram também do momento da homenagem os pesquisadores; Geraldo Antônio de Souza Junior, Adauto Silva, além da família Popoff; Carla e Marcelo, além de Pedro Popoff, o "Menino do Cordel e do Baião", diz o blog Cariri Cangaço que emitiu Nota de Pesar pelo falecimento do grande mestre.

A sua bibliografia sobre o tema cangaço é bem vasta. Tem vários livros publicados sobre o assunto, entre eles: “Lampião: Segredos e Confidências do Tempo do Cangaço”; “Assim Morreu Lampião”; “Lampião: As Mulheres e o Cangaço”; “Gente de Lampião: Dada e Corisco”; “Gente de Lampião: Sila e Zé Sereno”; “De Virgolino a Lampião”; “O Espinho do Quipá” (estes dois últimos em co-autoria com Vera Ferreira, neta de Lampião); “Lampião e Maria Fumaça” (co-autoria com Luiz Ruben F. de A. Bonfim, de Paulo Afonso – BA); “A Medicina e o Cangaço” (em co-autoria com Leandro Cardoso Fernandes, de Teresina – PI).

Seu trabalho mais recente é “Lampião e as Cabeças Cortadas”, também em co-autoria com Luiz Rubem Bonfim. É também Sócio-fundador da União Nacional de Estudos Históricos e Sociais – UNEHS.

A sua morte trouxe consternação para todos os que o têm ainda com a maior referência nacional sobre o tema cangaço.

Além do Cariri Cangaço, presidido por Manoel Severo, na foto com Antônio Amaury em uma das suas muitas participações nos eventos do Cariri Cangaço, que emitiu Nota de Pesar pelo seu falecimento, outras instituições e pessoas ligadas ao tema deixaram o seu sentimento desta grande perda para a cultura nacional, nas redes sociais.

Do Cariri Cangaço?

“É com muita tristeza que o Cariri Cangaço comunica o falecimento de Antônio Amaury Correa de Araujo, acontecido na noite desta última sexta-feira, dia 26, em São Paulo. Perde o Brasil o maior pesquisador da temática Cangaço, de todos os tempos, um homem extraordinário que dedicou sua vida à família, à profissão e à Alma Nordestina” (transcrito do http://blogcarlossantos.com.br)

Da ABLAC:

Nesse triste dia para a HISTÓRIA DO CANGAÇO a ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS E ARTES DO CANGAÇO consterna com profundo pesar o falecimento do seu Membro ACADEMICO HONORÁRIO, Antônio Amaury Corrêa de Araújo, sem dúvida o PESQUISADOR DOS PESQUISADORES, um abnegado que em tempos rudes catalogou mais de sete mil entrevistas com remanescentes do cangaço e que deixa um legado de 13 obras que para sempre servirão de fontes e leituras obrigatórias para todos aqueles que comungam com a verdadeira história desse tema, história límpida e cristalina.

A sua alegre casa em São Paulo que sempre recebeu de braços abertos os escritores, pesquisadores, jornalistas, cineastas, professores e alunos, hoje está triste. Uma tristeza consolada apenas em saber que o seu legado ultrapassará os tempos sem fim na sua imortalidade.

Aracaju, 27 de fevereiro de 2021.

Archimedes Marques

Presidente da ABLAC.

Frederico Pernambucano de Melo assim escreveu sobre o amigo que tanto admirava:

Um nordestino, sim, senhor!

                                             Frederico Pernambucano de Mello

                                                                    historiador da Academia Pernambucana de Letras

Não ignoro a origem caipira de Antônio Amaury Corrêa de Araújo e sua naturalidade paulista, no momento em que Robério Santos me faz chegar a notícia de sua morte aos 87 anos. A reflexão que me vem à mente nessa hora é a de não ter existido nordestino mais visceral do que ele, por adoção espontânea das constantes de caráter presentes no homem do trópico setentrional brasileiro, notadamente o do sertão. 


Tomou-se de tal encanto pelo palco e pelo drama do homem da caatinga, por seus cantos, por seus contos, religiosidade, mitos, lendas, causos, assombrações, aventuras, sobretudo pelas aventuras, que se mudou para o sertão em espírito, embora mantivesse os pés fincados no São Paulo de berço. E passou a estudar tudo isso, a ponto de desafiar com sucesso um programa de televisão em que respondia a pesado interrogatório sobre os fatos do cangaço e a vida de seu protagonista maior, o Capitão Lampião.


Seus livros são de consulta necessária para quantos estudem o sertão e as correrias que se desenrolaram ali. A violência presente em nosso processo colonial, a bravura do vaqueiro, abrindo o pasto para o assentamento dos currais de gado, o plantio de subsistência nos pés de serra, nas ipueiras e nos brejos de altitude, a resistência não menos valorosa das tribos indígenas na defesa de seus campos, todo o universo de que provém o que tenho chamado de Ordem do Cangaço.


Nesses estudos, guloso dos detalhes, colecionou particularidades sem-fim, filiando-se à corrente positivista da ciência histórica. Fiel ao mestre Auguste Comte, deu as costas às conquistas mais recentes trazidas pela antropologia, pela psicologia, pelo imaginário, pelas mentalidades, por tudo quanto enriqueceu a disciplina histórica no Século XX. Um convicto no seu sistema de estudos.


Vá em paz, Amaury, o Nordeste sentirá sua ausência, atenuada apela leitura das páginas que produziu e que irão permanecer. O chão que adotou não lhe negará o aceno!




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4 comentários


Archimedes Marques

01/03/2021 - 23:14:29

ABSOLUTA certeza tenho que gerações de pesquisadores sem fim sempre beberão nas fontes construídas pelo Mestre Amaury.


Pedro Popoff

28/02/2021 - 17:32:00

Seu Amaury,jamais vamos esquece-lo. Uma referência para mim. Fui algumas vezes na casa dele, na primeira vez eu tinha 8 anos. Sempre paciente com as minhas perguntas de novato, muitas explicações e desmitificaçoes comum do tema. Deus te receba .


Leitor

28/02/2021 - 09:35:22

Lampião, herói ou bandido????????????


F. Nery Jr

27/02/2021 - 21:46:54

Tive a oportunidade de ver as cabeças dos cangaceiros Em Salvador. Pareciam peças de artesanato como aquelas cabeças de palha de coco. A de Corisco era a mais conservada. Podiam-se ver os pés dos cabelos da barba de um ou dois dias. Alguém entrou na Justiça e ganhou em primeira instância. Antes que alguém apelasse, correram e enterraram as cabeças com bastante cal para acelerar a decomposição. As cabeças eram preservadas porque ainda se acreditava no formato do crânio como determinante do caráter, tendências, coisas assim. muito exploradas pelos nazistas.


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