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ELEIÇÕES MUNICIPAIS - 2024

Nova conversa com os candidatos a prefeito de Paulo Afonso. Sobre cultura literária e artes cênicas.

Atualizada em 20/9/2024, às 23:55hs com a inclusão da foto da dança na inauguração do Lindinalva Cabral

Publicada em 20/09/24 às 00:48h - 140 visualizações

Antônio Galdino


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Nova conversa com os candidatos a prefeito de Paulo Afonso. Sobre cultura literária e artes cênicas.
 (Foto: Arte com Arq. do jornal Folha Sertaneja)

Nova conversa com os candidatos a prefeito de Paulo Afonso. Sobre cultura literária e artes cênicas.

 Por Antônio Galdino

Caros candidatos a prefeito e a prefeita de Paulo Afonso. Demorei um tantinho para lhes apresentar o que segue, porque queria encontrar uns arquivos que, acredito que sejam interessantes para cada um dos senhores e a senhora candidata conhecerem um pouco da história cultural de Paulo Afonso nos seus primeiros tempos e nos anos seguintes, quando se está a pouco menos de 20 dias para a eleição de 6 de outubro.

Sei que seus planos de governo estão prontos e talvez o que segue seja apenas um pouquinho de contribuição para ele, por que, um olhar de fora sempre pode ajudar, todos sabem.

Há alguns dias, falamos um pouco da diversidade cultural que todo município possui desde as suas origens e a necessidade desses valores serem preservados pois são a própria essência mater do município e seu povo. Aqui, agora, falo de livros e de artes cênicas.

Além deste conteúdo que aqui se lê, enviei para o WhatsApp de cada candidato e de seus assessores de comunicação e alguns candidatos a vereador, em PDF, o Caderno Cultural Nº 4 do Jornal Folha Sertaneja editado em 2022 mas muito atual. É a minha contribuição para o seu programa de governo. (Prof. Antônio Galdino)

Diversidade cultural e a necessidade de apoio à cultura literária e às artes cênicas. 

Sobre o apoio à produção literária em Paulo Afonso

Não custa lembrar que Paulo Afonso tem uma Secretaria de Cultura e Esportes com um orçamento que talvez seja maior que todo o orçamento de alguns municípios brasileiros, muitos milhões de reais.

E, nesta secretaria, senhores e senhora candidatos, não se tem nenhum recurso destinado ao apoio para a publicação de livros, revistas, jornais no município.

O primeiro livro de Paulo Afonso foi um livro-relatório do Engenheiro Antônio José Alves de Souza chamado Paulo Afonso, impresso no Rio de Janeiro de 1954.

De lá para cá, Paulo Afonso já revelou muito mais de 100 escritores, poetas, romancistas, cordelistas, cronistas e outros e há 19 anos foi criada a Academia de Letras de Paulo Afonso que tem em seu quadro 40 intelectuais, escritores, poetas, alguns deles pesquisadores renomados e historiadores, alguns com Pós-doutorado, doutourado, mestrado e especialistas diversos, entre eles pesquisadores e historiadores que têm levado para todo o mundo a história da nossa Paulo Afonso.

Alguns deles já têm mais de 20 livros publicados sem nenhum apoio da gestão municipal, embora muitos dos livros contem a história do município, da Câmara Municipal, de seus gestores nos seus 66 anos de vida.

Imagino que cada um dos senhores e a senhora candidatos concordam que a Cultura é plural, multifacetada e, em havendo uma Secretaria Municipal de Cultura ela precisa, primeiro, ser gerida por pessoas da área. Segundo, que a sensibilidade desse gestor destino recursos para todos os segmentos que a compõem, todas as culturas, todas as artes, porque todas as formas de cultura precisam ser estimuladas e preservadas.

Especificamente quanto à cultura literária, imagino que, do grande orçamento da Secretaria Municipal de Cultura e Esporte, uma pequena parte poderia ser destinada ao apoio à publicação de livros, revistas, jornais e outras publicações de autores de Paulo Afonso até com a contrapartida de parte de cada uma dessas publicações impressas serem destinadas ao município para serem disponibilizadas para as escolas e bibliotecas públicas. De forma semelhante para outras artes.

Essa sugestão, aliás, já foi apresentada a vários dos titulares desta secretaria que têm feito, como diz Zé de Tonha, “ouvido de mercador”. Ou seja, esclarece didaticamente Zé de Tonha, “entra por um ouvido e sai pelo outro”.

Ao que for eleito, fica aqui a sugestão. Valorize, prestigie, incentive, dê apoio a outras artes além dos grandes investimentos em musicais... Até para atender ao apelo do grande Castro que, ainda nos idos de 1770, já dizia nos versos memoráveis de O Livro e a América:

Sobre a necessidade de apoio às artes cênicas e outras culturas

Talvez seja preciso voltar um pouco às nossas origens para nos fazer entender melhor.

O município de Paulo Afonso nasceu de um inexpressivo povoado chamado Forquilha, pertencente ao município de Glória. Em 1958, o agora Distrito de Paulo Afonso se emancipou e transformou-se no município e cidade de Paulo Afonso. E quando isso aconteceu, o povoado de cerca de 10 casas espalhadas pela Caatinga quando se transformou no município de Paulo Afonso, tinha uma população de 25 mil habitantes, confirmado pelo Censo do IBGE de 1960.

Por essa miscigenação, Paulo Afonso vivia os seus áureos carnavais ao som do frevo pernambucano, nos clubes COPA e CPA e nas ruas, com orquestras onde estavam os pistons de Lalau e Neco, os trombones de Diogo Andrade, Antônio Dudu, Expedito Aguiar, a bateria de Nelson e muitos outros pioneiros, todos músicos da Banda da Chesf.

Horácio Campelo (com o violão) e as Verdureiras de Bigode, no ínicio dos anos de 1950. 

Foi naqueles primeiros carnavais que apareceu por aqui o primeiro bloco de travestidos de Paulo Afonso, organizado pelo genial Campelo, o Doquinha. Depois, apareceram vários outros, dentre eles um que já sai há muitas décadas, As Boas.

 

Gilberto Leal animando o Pastoril de Natal, organizado por D. Zefinha (embaixo)

No São João não faltava o forró autêntico da Paraíba e de Pernambuco e no Natal era o Pastoril, vindo das terras alagoanas e os cordões Azul e Encarnado, animados por Gilberto Leal, Edvaldo Santos...

 

Horácio Campelo e a Igreja de São Francisco em construção.

No ano de 1949 foi iniciada a construção da Igreja de São Francisco, mas a Chesf não tinha orçamento para isso. Como se fêz? Os empregados da Chesf e a própria diretoria, doaram seu trabalho e um pouco do seu salário para isso e, para completar, o funcionário chamado Horácio Campelo, também conhecido como Doquinha organizava peças de teatro no CPA e no COPA e com esse dinheiro ajudou a construir a Igreja de São Francisco.

O mesmo aconteceu em 1950 para se construir o Ginásio Paulo Afonso – GPA/COLEPA, inaugurado em 5 de março de 1951. Para isso, além das peças de teatro, o Engenheiro Bret, sua esposa Neyde, D. Marieta Ferraz, que era pianista, a esposa de Dr. Mucini, D. Alma, faziam shows musicais no CPA para arranjar dinheiro para essa obra onde hoje funciona o IFBA...

Nas ruas de Paulo Afonso vez por outra o Grupo Curicaca, tendo como diretora, atriz e faz tudo, como é comum nas artes populares, a depois Professora Universitária, Psicóloga, atual membro da ALPA Lúcia Teixeira.

Anos à frente, outros grupos, vez por outra “invadiam” as praças, o Coreto, as ruas com o apoio da Prefeitura, e da Chesf .

 GETAPA, no COPA

Ao longo das décadas, muitos movimentos culturais apareceram na cidade. Apoiados pela Prefeitura, apoiados pela Chesf, organizados pelo comércio. Os jornais viviam noticiando esses eventos.

Lá pela década de 1970, fui indicado para assumir a gerência e a diretoria cultural do Clube Operário de Paulo Afonso e ali recebi certa vez uma adolescente e um grupos de coleguinhas de Dolores Moreira que queria um espaço para encenar as peças do seu grupo que se chamada GETAPA – Grupo de Teatro Amador de Paulo Afonso. E esse grupo ficou um bom tempo por aí.

Dolores Moreira, ao centro, com o grupo da APDT - Associação Pauloafonsina de Dança e Teatro

Dolores Moreira, filha de um cassaco pioneiro chesfiano, o Sr Joaquim Alexandre e de Maria Moreira e com muito sacrifício e esforço na época, foi dar vida ao seu sonho e estudar teatro em Salvador. Foi brilhante, ganhou prêmios, foi indicada para outros e voltou cheia de projetos para Paulo Afonso, sua terra.

Por aqui criou belos espetáculos como “Alpercatas de Couro Cru”, “O Nordeste é Lindo!” e muitas outras exaltando a nossa região e o Nordeste. Produziu e encenou com seus grupos de teatro e dança grandes espetáculos para a Chesf.

E, por um bom tempo, o seu teatro, onde recebia sempre um grande público era o improvisado prédio chamado Centro de Cultura Lindinalva Cabral, que era o antigo hangar dos aviões da Chesf e foi cedido para o município. 

Na sua inauguração, lembro bem, veio a Orquestra Sinfônica do Recife -Pernambuco e em um momento áureo, ao som do Bolero de Ravel, o dançarino Edilson Vieira deu um show de dança que empolgou a todos os presentes.

Até que um dia, em uma gestão municipal de muitos anos atrás, decidiu-se fazer uma ampla reforma naquele espaço para ser, de fato, transformado num grande teatro...

Os anos foram passando e a reforma começada nunca foi concluída e lá se vão 15 anos ou mais.

Dolores Moreira e os muitos atores e atrizes de Paulo Afonso passaram a adaptar os lugares para as suas apresentações, no auditório do Memorial Chesf, em algum auditório outro, no meio da rua...

Mais recentemente foi muito anunciado, em grandes eventos da ALPA como a Bienal do Livro que Paulo Afonso teria uma grande museu e teatro que seria construído com verba federal, ao lado do Batalhão de Bombeiros de Paulo Afonso...

Então caros candidatos a prefeito de Paulo Afonso, gostaria de pedir a sua atenção para um pedido. Quem for eleito, por favor, respeite as nossas raízes, essa miscigenação cultural que nos envolve desde os primeiros tempos e, em memória a todos os pioneiros, aos ex-alunos de artes cênicas da Professora Salete, no GPA/COLEPA, que seja concluída essa reforma do nosso Centro de Cultura Lindinalva Cabral e ali seja feito o nosso Teatro Municipal e que leve o nome de Dolores Moreira. Teatro Municipal Dolores Moreira

É o mínimo que se pode fazer para valorizar as artes cênicas de Paulo Afonso. E ali se poderá ter encenações periódicas, apresentações de grupos de chorinho, de orquestras e musicais convidados, de peças de teatro que correm o Brasil, com renomados atores da TV e do Teatro brasileiro, quem sabe, uma atração internacional...

Mas, eu nunca vou querer limitar o poder daquele que for eleito. E Zé de Tonha, aqui do meu lado também confirma, com a cabeça.

Claro que o que for eleito prefeito de Paulo Afonso pode ir buscar com os deputados, governador, senadores da República, governo federal uma boa verba para se construir um teatro moderno, novinho, todo equipado, modelo para a região, que também vai receber muitos aplausos dos artistas e dos apreciadores dessa arte milenar. Ah, e quem sabe, com este olhar diferenciado o eleito prefeito não estará carimbando a sua reeleição, daqui a quatro anos?...

Mas, me lembra aqui Zé de Tonha... “Tem que começar a fazer logo que for empossado e terminar logo porque se deixar para as vésperas da próxima eleição, vai perder a credibilidade do povo porque todos vão pensar que é obra eleitoreira... e o caro futuro prefeito não quer isso, não é verdade?”

A nossa próxima conversa, senhores candidatos, será sobre Turismo, para o que peço toda a atenção da senhora candidata e de todos os senhores candidatos a prefeito de Paulo Afonso-BA.

A nossa próxima conversa, nos próximos dias, será sobre TURISMO.

Inté!




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