Miguel, o Sanfoneiro Mirim

Gilmar Teixeira*

Chegou junho. O céu se enfeita com bandeirolas, o cheiro de milho cozido invade as cozinhas e o coração do nordestino bate mais forte ao som de uma zabumba. É tempo de São João, de Santo Antônio, de São Pedro…  É tempo de forró! E nesse arrasta-pé que ecoa do sertão às capitais, a sanfona reina soberana — a alma dos festejos, a voz das nossas raízes.

Na nossa família, música nunca foi apenas som. É herança, é afeto, é identidade. Desde o tempo de Neco Miguel, meu pai, que com seus irmãos animava novenas e missas com uma banda de pífanos que não deixava ninguém parado, a música sempre correu nas veias como corre o Velho Chico entre as margens do sertão.

Foi desse chão fértil de tradição que nasceram Rafael e Miguel, dois primos separados por uma geração, mas unidos pelo mesmo amor: a sanfona. Rafael, veterano de mais de vinte São Joões, já toca como quem conversa com o instrumento. Mas é Miguel, o caçula da sanfona, quem hoje faz brilhar os olhos e aquecer os corações com seu dom raro.

Começou cedo, com apenas seis anos. Um menino franzino, de olhar atento, que mal alcançava os baixos da sanfona, mas já fazia dela extensão do próprio corpo. E agora, com apenas onze anos, Miguel já é chamado de prodígio, o sanfoneiro mirim de Sergipe — e não é exagero. É ver para crer. É ouvir para se emocionar.

Ele toca nas festas da família, nos encontros de amigos, nos palcos de Aracajú, sempre ao lado dos mestres que o acolheram como filho da música. Estuda no conservatório com a mesma disciplina com que arruma o fole do seu instrumento. Mas não é só talento que move Miguel — é o amor e o apoio de quem o cerca, seus tios, avós e principalmente, Rene e Clarissa, seus pais, são o alicerce. Lúcia Teixeira, sua avó, é sua maior fã — dessas que não deixam faltar afeto, sanfona nova ou incentivo.

E agora, Miguel sobe um novo degrau: foi escolhido pela TV Globo Nordeste para representar o estado de Sergipe no programa São João do Nordeste. O menino que começou a tocar nos quintais e nas salas dos parentes, agora levará seu som para todo o Brasil.

Quando ele toca, o tempo para. É como se a alma do sertão se fizesse som. E nós, que o vemos crescer entre baiões, xotes e arrasta-pés, sabemos: Miguel é mais que um sanfoneiro. É a continuação de uma história. É a esperança viva de que o forró nunca vai morrer.

Que venham os palcos, as multidões, os aplausos. Porque Miguel já nasceu pronto. E com sua sanfona afinada e sua alma nordestina, ele ainda vai fazer muita gente dançar — e se emocionar — pelos quatro cantos desse país.

Viva Miguel, o sanfoneiro mirim! Viva o forró! Viva São João!

* Gilmar Teixeira

Membro fundador da ALPA, Cadeira Nº 8,

é tio do pequeno Miguel

VEJA, no link abaixo, matéria publicada sobre Miguel Teixeira, neste site

https://www.folhasertaneja.com.br/noticias/destaques-do-jornal-folha-sertaneja/804940/1

VEJA também o que fala sobre ele a mídia sergipana, no VÍDEO a seguir.