Ainda uma vez um gato
Literatura, por que não?
Francisco Nery Jr.
Desta vez, ele não é preto. Tem matizes pretos. Porções, se o leitor preferir. É bonito, embora com um rabo cortado. Não sei quem lhe cortou um pedaço do rabo nem a lógica do corte. Não chegou tão de mansinho como Gavroche, meu gato anterior que resolveu partir enquanto eu viajava; tive que viajar. Este é mais afoito.
Foi [logo]chegando e se imiscuiu com mais, vamos pensar, intrepidez. Não sei se sabe que era um deus no antigo Egito. Ou se Gavroche passou para ele, lá atrás, palavras de recomendação.
Os gatos são queridos em todo o mundo. Têm até estátua na Rússia. E ele sabe, este gato atual sabe, pelo vento, que também é querido dos leitores.
Talvez para puxar deles o saco, declaramos o que acabamos de declarar. E confirmamos sem data vênia dos mesmos nem justificativas precisas e floridas dignas de um Machado de Assis, o mestre dos mestres; o mestre de todos nós.
Ah, o nome?! Quaresma, Policarpo Quaresma que, com o tempo, ficará resumido a Poli. É que estou a reler Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto, um banquete, um encanto.
Francisco Nery Júnior