O que a cartilha não diz e os comentaristas não falam
Falamos nós aqui nesta coluna do site. O estado de Israel amanheceu sob ataque terrorista. Dezenas de mortos e centenas de feridos. Os palestinos, expulsos das suas terras, a partir de 1948, reagem como podem. A insegurança e a falta de horizonte permanecem em ambos os lados.
A explicação está lá atrás, há milhares de anos. A promessa de Deus a Abraão de uma descendência como a areia do mar e de uma terra onde, um dia, os gentios não mais pisariam, foi feita para todo o sempre. Os judeus, cientes das escrituras devotamente estudadas nas sinagogas, voltaram para a Palestina; para a Judeia, Galileia, Samaria e Jerusalém, após a diáspora de quase 2000 anos, para ficar.
Bateram de frente com os palestinos e os expulsaram por força das armas. Tomaram como certo que seriam compreendidos. Afinal, foram dispersos e expulsos pelos romanos lá pelos anos setenta e prometeram que voltariam. Não renunciaram ao direito de posse. “Este ano, aqui. Para o ano, em Jerusalém”, declamavam a cada ano, em todos os cantos do mundo, ao celebrarem a Páscoa. Celebram em Jerusalém, todos os anos, a partir de 1948. Ressuscitaram o hebraico e se firmaram com inacreditáveis proezas bélicas.
A solução encontrada pela ONU (Organização das Nações Unidas) de permitir a fundação do Estado de Israel nas terras bíblicas e de confinar o povo palestino em uma faixa e um enclave ao lado do novo estado judeu não funcionou. Os conflitos são reincidentes desde então.
Evidente que todos nós outros desejaríamos ver os dois povos a coexistir em paz. A criação de um estado palestino é um direito do povo do mesmo nome. Eles foram expulsos e mereceriam ter o seu estado próprio em condições de sobreviver.
Mas as guerras e atentados se repetem na região. O primeiro-ministro israelense já designa a crise atual como uma guerra. E retaliações fortes e desproporcionais são esperadas.
Guerra e rumores de guerra. Palestinos desalojados e israelenses sem paz e tranquilidade para trabalhar e se desenvolver, o que nos remete à reação dos judeus do tempo de Jesus frente à ponderação do governador romano sobre a crucificação de Jesus: “Deixe que a maldição recaia sobre nós e sobre nossos filhos”.