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Professor Galdino

A chamada Semana Santa, antes e hoje!

Publicada em 29/03/24 às 18:18h - 183 visualizações

Antônio Galdino com texto de


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A chamada Semana Santa, antes e hoje!
 (Foto: Imagem da Net)

Na tradição do catolicismo, os eventos religiosos que marcam o suplício, crucificação, morte e ressureição de Jesus Cristo acontecem no período chamado de Semana Santa

Quando, há poucos dias, o Papa Francisco falou aos cristãos católicos que tinham o hábito de evitar comer carne na semana santa mas agora podiam fazer isso, sem constrangimento nem sentimento de pecado, certamente assustou os mais antigos, os devotos que acompanham essas tradições seculares, especialmente aqueles sertanejos que viram seus avós, seus pais já velhinhos acompanharem circunscritos as pregações vigorosas do Frei Damião de Bozano e de freis, padres e bispos por estas terras sertanejas.

Pensava nisso, de que muito fala a literatura regional, e lembrei das perdas das tradições natalinas que também levantaram questionamentos de Machado de Assis que exclama no último verso do seu Soneto de Natal: “Mudaria o Natal ou mudei eu?”

Já faz um tempinho que, nesse mundo chamado de moderno, algumas coisas têm mudado também em relação a essas práticas religiosas e a mesma inquietante pergunta de Machado de Assis poderia ser feita em relação à Semana Santa.

Faz tempo que os padres já se inquietam nas igrejas porque a Quarta-feira de Cinzas não tem sido respeitada por foliões animados, nos carnavais das grandes capitais como Salvador e até em cidades menores e na frente das igrejas passam os grandes trios elétricos ou orquestras dos clubes fazendo os “arrastões” de multidões que cantam com o que lhes resta de voz: “Ah quarta-feira ingrata / chega tão depressa / só pra contrariar...”

De formação e prática evangélica, tenho acompanhado pela vida parentes de todas as idades, tias e avós enquanto vivas, católicas praticantes, de vez em quando se angustiarem com essas “modernagens desrespeitosas com as coisas sagradas”.

E eis que, pensando em escrever sobre esse assunto vejo no grupo de WhatsApp chamado Assuntos Culturais uma reflexão, um comentário da acadêmica Eunice onde ela diz:

“Houve um tempo em que a denominada Semana Santa era celebrada e vivenciada, a partir de Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa, conforme as diretrizes dos dogmas da confissão católica cristã.

Durante essa semana, havia um chamamento à reflexão, à humilhação, à renúncia, ao exercício do amor, da tolerância, do perdão com verdadeira contrição.

Esse evento era acompanhado de orações e jejum, no exercício do domínio próprio, da comunhão com o nosso semelhante e da bondade para com o nosso próximo também.

Aos poucos, essas práticas foram sendo deixadas de lado e, parte delas, foram ressignificadas para atender a novos conceitos de confissão de fé”

Algum tempo depois, o Acadêmico Jodoval Luiz Dos Santos, Titular da Cadeira 07 da ARLA coloca nesse mesmo grupo o texto que segue que foi publicado originalmente por ele em 15/04/2023.

Especialmente aos leitores mais andados nos anos de vida, que lembranças trazem essa narrativa de vivências dos meados do século passado, década de 1950? Leiam e lembrem dos seus pais, seus avós, tios/avós...

E feliz verdadeira páscoa para todos! Sem coelho e sem ovos de chocolate.

Antônio Galdino da Silva

ALPA - Cadeira 14

Paulo Afonso - BA

Sábado de Aleluia

Acadêmico Jodoval Luiz Dos Santos.

Titular da Cadeira 07 da ARLA.

Aju, 15.04.2023


Somos crianças, estamos vivendo os anos da década de 1950.

Minha avó materna era natural do Povoado Bonfim, município de Divina Pastora-SE, muito devota, da Confraria das Filhas de Maria, agora reclamava da falta de fé do povo.

Ela dizia que na quaresma, no "tempo véio" ou, então, "naquele tempo", quem tinha instrumentos de cordas afrouxava as cordas do instrumento. Nas igrejas ou quem tinha imagens de Santo, cobria-os com pano roxo ou preto; só se comia carne até quarta-feira.  Da quinta-feira chamada Quinta-Feira Maior, até ao sábado meio-dia, só se comia peixes e mariscos.

Os homens não faziam a barba, os casais dormiam separados e muitas senhoras, as mais idosas, vestiam-se de luto.  Os sinos das igrejas não badalavam; o que se ouvia era o barulho da matraca chamando os fiéis para rezar.

Muitas pessoas, de ambos os sexos, choravam com pena de Jesus Cristo. Nunca souberam que deveriam chorar com pena de si mesmas!

As crianças, bem, crianças são e serão sempre crianças, divertem-se com qualquer situação.

O dia da feira em Riachuelo-SE, desde quando me lembro, foi sempre no sábado, mas no Sábado de Aleluia era tudo diferente, a feira era mais fraca, visto que os feirantes vindos de Itabaiana e Malhador, principalmente, não chegavam na sexta-feira para vender suas mercadorias. O cabaré de Joza também não funcionava, as putas estavam de folga.

A missa na manhã do sábado era muito frequentada.  Às vezes, tinha até mais de um padre. As idosas ficavam muito apreensivas, incenso na igreja, choro abafado, o padre deitado de barriga no chão e braços abertos em forma de cruz, e o temor em toda comunidade adulta. Se a Aleluia não romper o mundo vai se acabar!

E nesse clima de medo, lá pras onze horas, graças a Deus, o sino tocava alegremente, os foguetes espocavam, as pessoas idosas sorriam de alegria, a criançada aumentava o alvoroço. Rompeu a Aleluia!

Minutos após, já se ouvia o batuque forte e o choro da sanfona do cabaré de Joza. João do Arroz, um "viado velho" que tinha um buteco vizinho ao fundo do armazém de Totonho Alemão, em frente ao oitão do mercado, também já abriu seu estabelecimento. Seus clientes já estavam bebendo milone, erva doce ou casca de pau e toda comunidade voltava a praticar seus erros e pecados da vida toda.

 




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