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Professor Galdino

Vamos falar sobre o Turismo em Paulo Afonso

Publicada em 03/11/20 às 16:16h - 795 visualizações

Antônio Galdino


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Vamos falar sobre o Turismo em Paulo Afonso
 (Foto: João Tavares e Antônio Galdino)


Tenho sido procurado por candidatos a vereador e alguns dos candidatos a Prefeito de Paulo Afonso nas eleições deste ano para falar sobre o turismo em Paulo Afonso, tendo em vista a minha formação acadêmica na área e as experiências que vivi na gestão municipal.

De fato, minhas maiores vivências, até porque tudo era novo e vivíamos um momento de especial inquietude com os prefeitos nomeados pelo governo militar, foi na gestão do Prefeito nomeado, Abel Barbosa e, mais recentemente, na gestão do Prefeito Anilton Bastos onde exerci o cargo também de Diretor de Turismo, um departamento ligado à Secretaria Municipal de Turismo.

De fato, entre os anos de 1979 a 1985 foi iniciado um processo de valorização do potencial turístico de Paulo Afonso, tema até então gerenciado pela Chesf, através de sua Sala dos Visitantes e dos guias de turismo da Chesf.

Abel Barbosa me convidou para ser o Diretor do Departamento Municipal de Turismo e Comunicação e me deu todo o apoio para desenvolver uma atividade que não existia na gestão municipal.

De forma bem resumida posso te afirmar que se conseguiu, num período delicado de transição do regime militar para a normalidade democrática, realizar ações que hoje ainda são modelo para a região embora pouco valor se dê ao tema em Paulo Afonso.

- Na gestão do Prefeito Abel, conseguimos colocar Paulo Afonso em um programa da Bahiatursa, órgão oficial de turismo do governo da Bahia, na época dirigida por Paulo Gaudenzi, que depois foi Secretário de Turismo da Bahia por longo tempo.

Pois bem, descobrimos que a Bahiatursa estaria lançando um programa chamado Caminhos da Bahia que atendia a 8 municípios baianos e levamos o assunto ao prefeito Abel Barbosa que conversou com o governador Antônio Carlos Magalhães.

Paulo Afonso foi então incluído e a Bahiatursa enviou uma equipe de técnicos, fotógrafo, jornalista, arquiteto, para fotografar todos os atrativos turísticos da cidade, com foco na Cachoeira de Paulo Afonso. Na época foram feitas mais de 600 fotos e muitas delas estiveram em folheteria, folderes, revistas especiais, criadas pela Bahiatursa e em slides e foram mostradas em todos os grandes eventos de turismo do Brasil e em outros países onde a Bahia se fazia presente.

Paulo Afonso passou a ter um roteiro organizado, um mapa turístico e passou a ser conhecida.

Por conta disso, a SOLETUR que era na época a maior operadora de Turismo no Brasil, colocou Paulo Afonso em seu catálogo internacional e tinha programado 2 viagens por semana a Paulo Afonso, que vinham via Garanhuns por conta da estrada ruim para Salvador.

Foi na gestão de Abel que a Avenida Apolônio Sales, onde era a pista de aviação, foi criada e nela, Abel destinou grandes áreas para a construção de hotéis e doou estes terrenos para empresários. Ali foi construído o Hotel Belvedere por Dernival Oliveira, que tinha o Hotel São Francisco, no início da Av. Getúlio Vargas, e o Palace Hotel, de José Rudival.

Foi criado o Centro de Recepção Turística, em frente ao San Marino Hotel e a Feira de Artesanato e Cultura Popular.

Foi na gestão de Abel Barbosa que foi criada a Associação de Guias de Turismo de Paulo Afonso que ainda existe.

Ainda no tempo de Abel Barbosa, o Departamento Municipal de Turismo criou e apresentou os Programas para o Desenvolvimento Turístico de Paulo Afonso, uma espécie de Plano diretor, com as limitações da época.

Ali, já se falava em Diagnóstico, Diretrizes, Ordenação espacial, Aprimoramento do sistema receptivo, Valorização do patrimônio turístico, Calendário turístico, Promoção da imagem de Paulo Afonso, Estímulo ao artesanato, Convention Bureau, Participação comunitária e Marketing turístico de Paulo Afonso. Isso em 1984/1985.

Difícil entender que 35 anos depois do governo de Abel Barbosa, não se tenha um Plano Diretor de Turismo em Paulo Afonso e se tenha perdido tanto para outros municípios da região, embora Paulo Afonso continue tendo o que já defendíamos no início dos anos de 1980, tudo para ser o polo de turismo de toda essa região, pelo potencial diferenciado que tem, pela rede hoteleira, pela existência de moderno aeroporto e pelo grande Oásis Sertanejo, como chamávamos naquele tempo e continua sendo.

Também não se entende como deixou de atuar o Conselho Regional de Turismo sediado em Paulo Afonso para gerenciar a Zona de Turismo Lagos e Cânions do São Francisco, criado depois de tanta luta junto ao governo da Bahia, uma luta pessoal de que muito me orgulho e que já defendia quando fiz meu mestrado em turismo, concluído em Portugal.

A importância desse Conselho Regional pode ser medido pelo fato de, após diagnóstico realizado em Paulo Afonso pela Fundação Getúlio Vargas, por decisão do Ministério do Turismo, os dados encontrados em relação ao turismo de Paulo Afonso, levaram esse Ministério a colocar Paulo Afonso entre os 115 destinos turísticos do Brasil, isso a uns 9, 10 anos atrás.

O Cânion do Rio São Francisco tem 65 quilômetros. Começa na Cachoeira de Paulo Afonso e vai até Xingó. Os 17 quilômetros iniciais desse cânion estão no município de Paulo Afonso e são os de paredões mais altos, com até mais de 90 metros de altura...

Quando falo do cânion eu lembro de uma declaração de Ivete Sangalo ao visitar o Grand Canyon, no Arizona, Estados Unidos (reproduzida recentemente no programa da Eliana, no SBT). Muito bonito, mas a baiana de Juazeiro, fiel às suas origens sertanejas, disse:

“Canyon é o de Paulo Afonso. Vocês precisam conhecer...”

Pois é. Muita gente precisa conhecer e valorizar...

E há muito mais riquezas a serem exploradas. Há os roteiros do cangaço, tema muito desenvolvido pelo escritor João de Sousa Lima que tem milhares de peças para um Museu que há anos tenta fazer em Paulo Afonso. Há o Raso da Catarina, a Serra do Umbuzeiro, a exploração dos grandes lagos de Paulo Afonso, melhor valorização do cânion de Paulo Afonso. Há um roteiro regional criado pela Bahiatursa e já apresentado nacionalmente em um Salão de Turismo realizando no Anhembi, em São Paulo.

E olhem que já tivemos a Cachoeira que pode ser programada. Está faltando diálogo.

Assim como falta diálogo para se ter de volta o teleférico, o modelo reduzido de Paulo Afonso.

O tema dá para centenas de artigos como este, vários livros... Tudo isso pode ser apenas uma pequena introdução para esse vasto tema. Aliás, a minha dissertação de mestrado somou 205 páginas...

No tempo de Abel, sem recursos e sem as facilidades modernas de hoje, investiu-se muito mais no marketing turístico do que nas gestões municipais que o sucederam. Infelizmente.

Infelizmente também que continua sendo mantida nas gestões municipais uma prática ruim de um governo abandonar projetos e programas de outros. Os chamados esportes radicais que colocaram Paulo Afonso na mídia televisiva por um bom tempo, foram abandonados...

É importante ressaltar que Abel Barbosa era prefeito porque foi nomeado pelo governo militar e vivia sem qualquer autonomia ou segurança nesse cargo. Tudo o que se fazia era incerto. Não se sabia se seria mantido e se o próprio governo municipal seria mantido até quando.

No meu livro ABEL BARBOSA, o inventor de Paulo Afonso, falo dessas conquistas na área do turismo e para isso o Prefeito Abel contou com o apoio do presidente da Chesf, Rubens Vaz da Costa, nordestino de Garanhuns.

Insisto em assegurar que as grandes ações em relação ao turismo em Paulo Afonso passam pela necessidade de parceria com a Chesf, onde estão os maiores atrativos de Paulo Afonso e é a hidrelétrica a administradora dos grandes lagos, reservatórios criados por ela para manter o funcionamento das suas usinas hidrelétricas.

Como vivemos um ano de eleições municipais, tenho acompanhado as muitas propostas dos candidatos a prefeito em relação ao turismo. Muitas, realmente boas, possíveis. E eu fico me perguntando porque estas propostas não foram colocadas em prática antes?

Talvez porque, segundo me disse um secretário certa vez: “turismo não dá votos...”.

Aliás, aproveito para sugerir aos vereadores da próxima legislatura que, se há algum interesse no turismo, que se coloque esse tema em alguma das Comissões Permanentes da Câmara, mexam no Regimento Interno e façam isso. E que isso não fique apenas como letra morta...

Concluo dizendo uma frase que ouvi do Professor Doutor Humberto Flávio Xavier, Professor de Curso de Doutorado em Turismo em Portugal que me avaliou quando defendi ali a minha dissertação de mestrado em Ciência da Educação – Turismo - em 25 de Novembro de 2005. Ao me aprovar, com elogios, depois da minha apresentação, depois ver todas as imagens que mostrei do potencial turístico de Paulo Afonso ele me disse, muito sério:

“Eu só não entendo como vocês têm tanto e não têm nada”.

O Professor Doutor Humberto Flávio Xavier, tem razão. Infelizmente.

Antônio Galdino da Silva

Pós-graduado em Turismo e Desenvolvimento Sustentável pela UNEB

Mestre em Ciências da Educação – Turismo – pela Universidade Internacional – Lisboa/Portugal.

E-mail: professor.gal@gmail.com




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3 comentários


ISAC DE OLIVEIRA

03/11/2020 - 22:24:53

Um lugar como Paulo Afonso, não pode viver no limbo turístico, é como desdenhar do ouro.


ANTTONIO ALMEIDA JUNIOR

03/11/2020 - 18:01:36

Parabéns Amigo e Professor Galdino. 👏🏻👏🏻👏🏻 Como já lhe disse, você é a minha referência quando e trata do Turismo na nossa região. Espero que com as bênçãos de Deus e o voto dos Amigos, chegarei ao mandato legislativo para lá na Câmara Municipal a partir de janeiro de 2021 incluir o nosso Turismo, a indústria sem chaminés - aliado à gastronomia, ao lazer e ao entretenimento - como alternativa para o desenvolvimento sustentável de Paulo Afonso.


Socorro

03/11/2020 - 16:57:01

Excelente retrospectiva. No passado a visibilidade da cidade de Paulo Afonso era intensa e extrapolação fronteiras. Hoje, pouco se fala das nossas belezas naturais. Uma cidade turística como a nossa necessitava de um plano gestor de peso. Afinal, todos ganham com o turismo!


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